A jornada de um futuro rei. Isso resume bem o que é Final Fantasy XV. Depois de mais de 10 anos de desenvolvimento, diversos problemas no trajeto e várias mídias lançadas, a jornada de Noctis teve um longo caminho rumo à coroa.

O príncipe vira rei

Lá atrás, quando a SquareEnix anunciou Final Fantasy XV (na época conhecido como Final Fantasy Versus XIII), ele fazia parte do universo que compunha a Fabula Nova Crystallis. Porém, Final Fantasy XIII não foi muito bem aceito pela crítica, e após diversos problemas de produção – como mudança de engine, troca de diretor e outros – eles rebatizaram o jogo.

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Transformando-o em um game da linha principal da franquia. Mas antes de sequer começar a jogar, outras ações são necessárias.

O belo mundo aberto de Final Fantasy XV

Como o projeto ficou maior do que eles esperavam, a desenvolvedora precisou lançar cinco animações de curta metragem. Estas explicam como o Noctis virou amigo dos seus companheiros de jornada.

Além disso, um filme foi produzido – obrigatório para entender o que acontece antes do início da jornada. Todos são competentes na sua proposta, mas poderiam estar incluídos no game final, ou ao menos incluir um aviso que seria importante assistir antes de iniciar a jornada.

O caminho trilhado por Noctis pode ser resumido como a jornada do herói, ou monomito. Essa é uma teoria elaborada por Joseph Campbell, que diz que as histórias podem ser contadas em doze passos simples: o herói começa no mundo comum; recebe um chamado para a aventura; por algum motivo, recusa esse chamado; encontra um mentor (ou uma ajuda sobrenatural); início da aventura; começam os testes, apresentação de inimigos, etc; a chegada próxima do objetivo; o maior desafio ao herói; a recompensa; a resolução do problema; o retorno com o prêmio final; e, por fim, retorno ao mundo comum.

O combate do game

Sem entrar em detalhes nos acontecimentos do game, essa é a jornada de Noctis em Final Fantasy XV. Mas o maior problema nesse caminho é o que acontece no entorno da história.

Alguns pontos, como o que acontece com os parceiros do futuro rei no decorrer do jogo, foram lançados apenas via DLC, pagas. Ou seja, somente teria acesso a toda a história quem comprasse o passe de temporada, ou investisse nos capítulos de forma separada.

Para piorar ainda mais, foi lançada a Royal Edition, com todas as DLC já lançadas além de diversos conteúdos extras. Essa edição não foi incluída no passe, e então, mais um gasto para o jogador.

Apesar disso tudo, a história de Noctis e de seu reino é exatamente o que os fãs de Final Fantasy podem esperar. Há algumas situações cômicas, outras de extrema tensão. É notável a evolução da conexão do príncipe com seus súditos que se tornam seus amigos, mesmo com todos os conflitos e acontecimentos. Mas o grande foco é a transformação do príncipe em rei, e mesmo com a parte final um pouco atropelada, podemos considerar esse um grande jogo de RPG.

Entre espadas e magias

O sistema de combate do game é diferente de tudo já visto nos jogos principais da franquia. Ao invés do clássico sistema de turnos, a ação agora acontece em tempo real, dando mais dinamismo ao jogo. O que possibilita isso é principalmente pelo fato de ser possível controlar os quatro personagens principais, cada um com sua particularidade.

O futuro Rei, Noctis

No começo é um pouco complicado aprender a controlar os movimentos. Isso vai desde a movimentação até a utilizar o teleporte de Noctis de maneira satisfatória, mas após um tempo, fica muito mais simples.

A magia que nos jogos anteriores era devastadora, agora pode ser completamente ignorada, pois é possível terminar o game sem usá-las. O único pré-requisito para “facilitar” o game é encontrar todas as espadas Reais espalhadas pelo mundo.

Uma das coisas que às vezes passa despercebida é a trilha sonora. Ela é marcante mas da sua própria maneira. As canções conseguem criar o clima que a cena está pedindo. A dublagem é sensacional e é visível o crescimento dos personagens no decorrer da história. Vale muito a pena ouvir as músicas no dia-a-dia. Recomendo muito.

O lado escuro da jornada

Final Fantasy XV passou por diversos problemas de produção. Para começar, o game fazia parte de outro universo, mas resolveram alterar no meio do caminho. Isso modificou vários elementos da história, como o passado de alguns personagens, Lunafreya por exemplo, e diversas outras coisas menores.

Cena de uma das mais tensas batalhas do game

Além disso, o diretor original do jogo, Tetsuya Nomura abandonou a produção do game para se dedicar totalmente a Kingdom Hearts 3. Então, Hajime Tabata assumiu e com isso o título foi alterado de Versus XIII para XV.

Além disso foi alterado também o foco de produção do jogo, do PS3 para o PS4 e Xbox One. O visual mudou de cartunesco para o realístico. Tabata confirmou essas informações em entrevista para o portal USGamer.

Um outro grande problema do game é a falta de missões paralelas. Existem diversas missões de caçada, mas não vai nada além disso. Pode se considerar também a busca pelas armas reais, mas não existe nada mais. Resumindo, temos um mapa gigantesco com pouca pra se fazer.

O Rei assume seu papel

Esse jogo da SquareEnix está longe de ser perfeito. Foram muitos anos de produção, mas esse é um projeto que demandava ainda mais tempo para ser melhorado. No final das contas acabou saindo como um diamante bruto. Que fora lapidado a cada nova DLC, paga, antes de ser cancelada.

Dois capítulos foram para o limbo e o diretor do game, Hajime Tabata, saiu da empresa. Mas apesar disso tudo, a jornada do príncipe Noctis entretêm a alegra por muitas horas, principalmente se você buscar todas as conquistas e troféus.

A história é tocante de tantas maneiras, que mesmo com alguns furos, vai te prender até o final. O combate é excelente e pode ser usado em diversos outros títulos vindouros da empresa, ainda mais agora que eles já dominaram a engine usada no game.

Mas apesar disso tudo, Final Fantasy XV é quebrado. Bruto, mas imperfeito. Tinha tudo para ser um grande jogo, mas fora apressado. E isso o deixou relegado ao limbo. Esquecido como um dos grandes jogos que poderiam ter sido.