O gosto por jogos vem dos primórdios da humanidade. A palavra jogo vem do latim, “iocus”, que significa brincadeira, divertimento. Há registros de jogos de diversos tipos que datam de 20 séculos a.C. e o elemento lúdico é uma das bases do desenvolvimento das civilizações.

Quando crianças, jogamos muitas coisas sem ao menos termos essa consciência que estamos jogando. Aquele pega-pega, esconde-esconde, amarelinha ou tantas outras brincadeiras que fazíamos com a energia e inocência pueril. O tempo passa, as tecnologias avançam e as sociedades se transformam.

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Chega o primeiro contato com um videogame. Aquela tela que antes era apenas para assistir agora é interativa e nos apresenta diversas brincadeiras. Nós crescemos e os jogos se tornam mais avançados e complexos. O gosto pelo videogame aflora. As novas formas de contar histórias, entreter e competir ocupam novos espaços no desenvolvimento da vida de cada um.

Para quem viveu o cenário dos videogames na década de 70, 80 e 90, como eu, ainda teve contato com as casas de Arcade onde íamos com os colegas para jogarmos os famosos fliperamas. O ambiente não era dos melhores para crianças, mas quem nos segurava? Ver aqueles videogames com qualidade bem superior aos que tínhamos em casa era um convite irrecusável para uma jogadinha aqui e ali. Os controles, os sons e os gráficos eram superiores e as máquinas nos convenciam a gastar horas e fichas naquele local.

Foto tirada por Fábio Dedini

Os videogames evoluíram e bateram os arcades. Aquelas jogatinas com os amigos ficam cada vez mais restritas a casa de um ou de outro. Double Dragon, Golden Axe, Tartarugas Ninja e Street Fighter já podiam ser jogados em casa e o quanto quisesse. Ganhávamos cartuchos de nossos pais ou comprávamos com muito esforço. Muitas vezes piratas, mas que faziam uma alegria tremenda. Os finais de semana demoravam a chegar e a ansiedade para ir à locadora procurar os jogos para alugar era enorme.

O tempo passa e a indústria não para. Novos consoles, jogos e acessórios são lançados a todo tempo e queríamos sempre estar o mais atualizado possível. Nem sempre conseguíamos, nada era barato. E assim, muitas vezes, vendíamos o que tínhamos para comprar o mais novo. E assim íamos subindo as escadas para acompanhar a evolução dos videogames.

Conforme a vida e o tempo nos carrega para frente, muitas lembranças vão ficando para trás. Os amigos, as brincadeiras e os jogos. Adultos agora jogamos, quando temos tempo, os jogos da geração vigente e que muitas vezes são títulos que surgiram lá atrás, trazendo aquele saudosismo que aperta nossas entranhas. Revisitar os jogos do passado é um exercício de reviver a história pessoal, dos videogames e dos costumes da época.

Todo esse conjunto de vivência, história, saudosismo e gosto pelos videogames acaba despertando algo, em algumas pessoas, que alavancam a vontade de jogar e ter aqueles videogames que fizeram parte da evolução de vida de cada um. E aí entra um costume inerente de muita gente que é o colecionismo. Seja pela revisita aos jogos, pela nostalgia ou pela história e conservadorismo, colecionar se tornou algo comum no cenário dos videogames.

Cada um, dentro da sua liberdade existencial e de gostos, coleciona aquilo que de alguma forma apetece seus anseios. Colecionar não tem regras, há quem colecione pelo saudosismo, pela história, pelo desafio de ter itens especiais e completar coleções ou até mesmo para jogar.

Foto tirada por Fábio Dedini

Ter os consoles e jogos para poder ligar e jogar quando quiser é um atrativo ímpar e o mais interessante para reviver aqueles momentos de jogatinas lá de trás. Pegar os itens nas prateleiras para manipular, ver e ler seus manuais (quando tem), conhecer sobre o item e seu contexto histórico e poder colocar aquele cartucho, de mais de 30 anos, no console de mesma idade e curtir, são momentos únicos para quem gosta de videogames.

Mas, nem todo colecionador é jogador. Muitas pessoas colecionam pelo prazer em ter os itens, organizar e conservar. Boa parte dos colecionadores quase não jogam (eu já estou quase nesse ponto). Como na disciplina Física que aprendemos na escola, colecionar e jogar é uma expressão que também depende do Espaço e Tempo, entrando aí um adicional, dinheiro.

Foto tirada por Fábio Dedini

Conservar os itens da coleção é um desafio e recorremos a vários métodos. Importante manter os consoles, jogos, revistas e acessórios longe da umidade e luz solar direta. Tem no mercado vários tipos de saquinhos para encapar os itens, assim como caixas plásticas transparentes que ajudam na conservação e beleza do item.

Muitas vezes é necessário recorrer a um desumidificador de ambiente, saquinhos de sílica gel e armários próprios para conservar itens tão antigos e importantes. Mantê-los funcionando também é outro desafio.

Foto tirada por Fábio Dedini

Os produtos eletrônicos sofrem com o tempo. São capacitores que vazam, contatos que oxidam e fungos que crescem. Vira e mexe vem a necessidade de levar o item para um técnico consertar ou revisar. Energizar os consoles de tempos em tempos é importante para mantê-los saudáveis.

Colecionar é uma escolha individual e cada um sabe como aproveitar melhor essa escolha. Não deixa de ser importante frisar que o controle da ansiedade e vida financeira deve estar a frente do colecionismo, para que ele não se torne uma doença. Tem que ser saudável para mente, corpo e bolso.

Tanto colecionar como jogar proporciona amizades, entretenimento e muito assunto. Grupos de colecionadores se reúnem regularmente para poder trocar itens, ideias e até mesmo jogar um pouquinho. A preservação histórica que uma coleção proporciona é tão importante quanto o prazer de jogar videogame para o individuo em si e pode ser mais importante ainda para a sociedade quando essa coleção é acessível e pode causar mais interesse nas pessoas, principalmente nas crianças de hoje.

Seja virtual com fotos em redes sociais, textos e comentários como em museus e eventos, a história dos videogames se mantem viva culturalmente. Aproveitar os itens para jogar é viver essa história em sua mais plena essência.

Joguem mais!