Vamos conhecer a história real da Californiana que ficou conhecida como bandida e pistoleira. Usava um tapa olho, era forte e carregava a pistola do Master System na cintura. Esta é uma história pouco conhecida, ela não se encontra na internet. Foi passada de boca em boca e através de uma pesquisa no próprio local e conversando com pessoas que tiveram contato direto com ela consegui levantar as informações. Algumas pessoas tiveram seu nome modificado para preservar sua identidade.

Quem era Andressa Caolha?

Andressa Zaropelli era seu nome de batismo, nasceu e cresceu em Califórnia, uma cidade do norte do Paraná com apenas 8.606 habitantes. Era filha de agricultores e ajudava seus pais nas terras. Sua aparência física era diferente da maioria das mulheres.

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Como ela realizava trabalhos braçais na roça, ela tinha os braços avantajados, sua voz era firme e grossa, seus cabelos eram pretos e longos, suas sobrancelhas se juntavam e tinha um buço bastante visível. Por conta desta aparência ela sofreu muito Bullying na escola. Todos tiravam sarro dela e zombavam de sua suposta “sexualidade”. Na sua vida adulta teve alguns namorados, um deles se chamava Carlos (nome fictício)

Andressa Caolha com sua pistola e seu cavalo 

“Eu namorei a Andressa por pouco tempo. Eu a conheci em uma festa de rodeio. Ela era uma mulher muito bruta. Ela lidava com sítio e terras e tinha muita força. Me lembro que ela me deu uma “chave de braço” e uma “chave de perna” que não havia como escapar. Ela dizia que era assim que ela derrubava gado. Ninguém segurava aquela mulher. Comecei a fugir dela e ela me perseguia no trabalho e em toda parte. Eu não dava conta não, ela era muito louca.”

A Decadência de Andressa

A vida de Andressa começou a decair a partir da morte de seu pai. Ele havia feito empréstimos com agiotas e deixou uma dívida grande para pagar. Tiveram que vender o sítio para quitar as dívidas. Andressa e sua mãe se mudaram para uma pequena casa na cidade. A mãe vendia pães e guloseimas caseiras para sobreviver, enquanto Andressa começou a beber e se meter em confusões.

Vista aérea da cidade de Califórnia no Paraná

Como se tornou ‘’Andressa Caolha’’ 

Andressa frequentava os botecos da cidade e bebia o “Tubão” que era pinga com tubaína. Diziam que ela exagerava e ficava totalmente fora de si. Arrumava briga com todo mundo. Fosse homem ou mulher se ela invocasse era “quebra-quebra” na certa. José Aparecido (ex-dono de bar) nos contou como ela ficou cega de um olho.

José:

“Era difícil o dia que a Andressa não brigava. Ela tinha muitos desafetos, uma das pessoas que ela tinha uma rixa era a “Ruth Bala” nome de guerra de uma garota de programa que frequentava o local. As duas tiveram uma discussão por causa dos “Dragões do Norte” que era um time de futebol local. A Ruth quebrou uma garrafa de cerveja e a acertou bem no olho. A Andressa infelizmente acabou perdendo a visão de um de seus olhos. Desde então ela começou a usar um tapa olho e o apelido pegou. Todo mundo falava…”Está chegando a Andressa Caolha.”

pinga com tubaína era a bebida preferida de Andressa

Sua paixão pelo Master System

Andressa passou a trabalhar na “Cocada Games” era uma lojinha que tinha de tudo desde linguiça pendurada na porta, roupas usadas, doces caseiros e “games”. A dona se chamava Severina e tinha uma ratazana de estimação. Ela colocava uma televisão de tubo em cima de um botijão de gás vazio e cobrava por hora para jogar o Master System e o Phantom System. Tinha poucas opções de jogos, mas era o único lugar que tinha games na cidade e a molecada ia em peso para se divertir. Eles tomavam caldo de cana e jogavam videogame. Andressa cuidava da loja e monitorava o tempo que os garotos jogavam em frente à TV. 

Alguns clientes da locadora nos deram alguns depoimentos:

Robertinho:

“A gente ia lá para jogar Master System mas a caolha nunca deixava a gente jogar. Ela sempre roubava tempo de jogo. Nós pagávamos para jogar 30 minutos ou 1 hora, mas ela sempre dizia que já havia acabado o tempo. Ela tomava o controle da mão do cliente e ela mesma jogava.”

Sandro:

“Teve um dia que um garoto se negou a sair do jogo e a Andressa deu uma voadora no moleque que ele voou longe com cadeira e tudo. Ela assistia muitos filmes e sempre ameaçava a molecada, dizia que daria um chute do Van Damme se não saísse logo do jogo.” 

Fábio:

“Ela gostava muito do Master System e jogava bastante os jogos com a pistola Light Phaser, dizia que era boa com armas e que costumava caçar. Ela apontava a pistola para a tela da tv e ficava horas jogando. Dizia que enxergar só de um olho facilitava a mira.”

Na ”Cocada Games” tinha linguiça, caldo de cana, ratazana e games

Andressa e as lendas da pistola Light Phaser

A “Cocada Games” fechou e Andressa novamente ficou sem rumo. Os boatos contam que ela se envolveu com bandidos e drogas ilícitas e passou a cometer crimes. Andressa teria ficado com o Master System e a pistola após o fechamento da locadora.

Ela cortou o cabo da pistola e teria utilizado a “Light Phaser” como se fosse uma “arma de fogo” e começaria a praticar furtos e ameaçado alguns desafetos com esta pistola. Normalmente ela agia à noite quando as supostas vítimas não poderiam distinguir a arma de brinquedo. Contam que ela andava a cavalo com a pistola na cinta e tocava o “terror”  por onde passava.

Em uma ocasião ela invadiu uma festa montada em um cavalo e derrubou um homem no laço. Ela virou uma figura folclórica na cidade, talvez para fugir da realidade ela criou um “personagem” para si própria e o incorporou como uma vilã ou heroína de um jogo de videogame. Nos dias atuais ninguém sabe ao certo o seu paradeiro.

A última informação é de que ela estaria morando no Acre e estaria casada. Histórias reais ou lendas, ela deixou seu legado e hoje apesar da parte negativa de sua história, criou-se um mito popular e uma figura lendária, mostrando a força e o empoderamento feminino, por conta disso Andressa Caolha pode até ser considerada “Bicho do Paraná”*.

*Era uma campanha para destacar artistas, músicos e pessoas com algum feito extraordinário do Estado do Paraná. Sendo assim, a canção “Bicho do Paraná” foi escolhida para ser trilha da campanha publicitária do Bamerindus.