Antes de algoritmos, métricas de engajamento e monetização, existia apenas a vontade genuína de falar sobre videogames do jeito certo: com paixão, cuidado e respeito pelo conteúdo. O texto a seguir é um mergulho em um tempo em que a produção de vídeos sobre games ainda engatinhava na internet, quando criar não era uma estratégia, mas uma necessidade pessoal. Trata-se de um relato sincero sobre influências, descobertas e escolhas que moldaram a identidade do Cosmic Effect desde sua origem, revelando como um olhar atento ao detalhe, à narrativa e à experiência audiovisual acabou construindo não apenas um canal, mas uma comunidade que atravessou gerações, plataformas e mudanças profundas no próprio conceito de se fazer conteúdo online.

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PROPAGANDA

“O Cosmic Effect é o primeiro canal brasileiro de games do YouTube. Comecei em 2010 sob o desejo de eu mesmo poder assistir algo que não passava na TV: vídeos que tratavam do assunto videogames. Ainda nos anos 2000, antes do próprio YouTube, havia um aplicativo chamado “Democracy Player” (depois renomeado pra “Miro”) que não mais existe hoje. Ele era um agregador de vídeos de várias fontes — nessa época, lembro do termo “Internet Television”, que nunca pegou. Lembre-se: isto acontece um pouco antes do YouTube existir e também simultaneamente com os seus primeiros anos (YouTube começa em 2006).

Neste aplicativo Miro haviam vídeos sobre tecnologia, cultura pop e mais. Então videogames, claro, também estavam lá. Reviews de jogos que líamos na Internet com texto e fotos agora estavam “vivos” na tela com o gameplay real do jogo. O curioso é que eram vídeos com edição de qualidade. Eram produzidos por apaixonados de verdade pelo assunto.

Um deles me agradava muito por esta característica: chamava-se “The VGA TV”, que nada tinha a ver com o monitor de computador e sim era o Video Game Archeologist, o “VGA” do título deste canal do Miro.

Seus vídeos apresentavam os jogos com uma característica que eu nunca tinha visto antes: o gameplay visto no vídeo sempre estava conectado ao roteiro. Não era “o jogo passando” e o cara falando por cima; era, sim, uma experiência audiovisual completa, pois a narração casava com o acontecimento na tela. Se ele falava algo como “observe que na versão japonesa, o inimigo derrotado explode antes de sair da tela”, o gameplay estava mostrando exatamente aquilo, por exemplo, e não apenas um gameplay desconectado correndo no fundo.

Este detalhe foi essencial para o meu, digamos, estilo. Antes mesmo de eu começar a fazer vídeos, eu sabia que seria por aquele caminho. E assim, comecei o Cosmic Effect.

Em 2014 — após 4 anos de canal — surgia o primeiro sistema de financiamento coletivo recorrente, chamado de “Patreon”. Eu ia encerrar a produção dos vídeos, pois meu canal não tinha tamanho para me manter financeiramente. Mas os poucos amigos que me acompanhavam naquele tempo insistiram para que eu fizesse o sistema de financiamento direto.

Para minha completa surpresa, sou mantido financeiramente por eles até hoje, 2025, 15 anos após o início do canal Cosmic Effect. Neste vídeo intitulado na imagem da capa como “Um Apelo”, tento convencer a turma que é fã do meu trabalho, mas que não é Patreon (ou Membro via YouTube), a tornar-se também parte da comunidade.

Agradeço a comunidade da WarpZone, que também contém alguns Patreons do Cosmic Effect (o próprio Cleber é um deles, velho amigo) há muitos anos, pela oportunidade de exibir este vídeo por aqui.”

Eric Fraga