
Em poucos dias, e às vezes em um único fim de semana, pessoas do mundo inteiro se reúnem com um objetivo em comum: criar um jogo do zero. Sem um plano definido, sem tempo de sobra e, muitas vezes, sem saber exatamente onde a ideia vai chegar. Esses eventos são conhecidos como game jams e, apesar do nome informal, se tornaram uma parte importante do ecossistema de desenvolvimento de jogos.
Muito além de competições, as game jams funcionam como ambientes de experimentação. São períodos em que criatividade, limitação de tempo e tomada de decisões caminham juntas, revelando rapidamente o que funciona, o que precisa ser ajustado e o que simplesmente não se sustenta quando colocado em prática. Além de servirem como base para projetos que podem evoluir muito além da jam.
O que é uma game jam
Uma game jam é um evento de criação rápida de jogos. Os participantes recebem um tema surpresa com um tempo determinado para desenvolver um jogo em cima desse tema. Esse período pode variar bastante, indo de poucas horas até algumas semanas, dependendo do evento.
As game jams podem acontecer de forma presencial ou online, permitem participação individual ou em equipe e nem sempre têm foco competitivo. Em muitos casos, o objetivo principal é o aprendizado e a troca de experiências. Não é esperado que os jogos sejam perfeitos ou altamente polidos. O foco está no processo de criação, não exclusivamente no resultado final.

Quem pode participar de uma game jam
Uma das grandes vantagens das game jams é que elas são eventos abertos e inclusivos. Não é preciso ser um programador experiente, artista profissional ou trabalhar na indústria de jogos para participar.
Pessoas em diferentes níveis costumam se envolver, como iniciantes curiosos, estudantes, desenvolvedores independentes e até profissionais experientes que enxergam a jam como uma oportunidade de experimentar ideias fora da rotina de trabalho. Também é comum encontrar participantes que colaboram em áreas específicas, como arte, música, escrita ou organização.
Justamente por reunir perfis tão variados, a game jam se torna um ambiente rico de aprendizado coletivo. Quem está começando aprende observando e praticando, enquanto quem já tem experiência testa novos caminhos e compartilha conhecimento.
Por que game jams se tornaram tão relevantes
Criar um jogo envolve muitas decisões. Muitos fatores precisam trabalhar em sincronia para a experiência fluir como desejado. Em projetos longos, esses aprendizados aparecem aos poucos. Em uma game jam, tudo acontece de forma acelerada.
Esse ritmo torna o evento extremamente valioso. Desenvolvedores aprendem a lidar com limitações reais, a trabalhar com escopo reduzido e, principalmente, a terminar projetos. Não é raro que as primeiras experiências práticas de criação de jogos de muitas pessoas aconteçam justamente em uma game jam.
Além disso, diversos jogos independentes que mais tarde se tornaram projetos comerciais nasceram como protótipos criados nesses eventos.
Alguns jogos ou conceitos que nasceram ou foram experimentados inicialmente em game jams incluem:
- Hollow Knight
- Celeste
- Goat Simulator
- Snake Pass


Você pode conhecer essas versões nos links:
Hungry Knight: https://www.newgrounds.com/portal/view/643636
Celeste Classic: https://maddymakesgamesinc.itch.io/celesteclassic
Esses casos ajudam a entender como as game jams funcionam como verdadeiros laboratórios criativos, em que ideias simples podem ser experimentadas, ajustadas e, com o tempo, transformadas em jogos completos que alcançam um público muito maior.
Onde as ideias falham e por que isso é importante
Um dos maiores aprendizados de uma game jam é perceber que nem toda boa ideia funciona quando vira jogo. Muitas propostas parecem interessantes no papel, mas perdem força quando o jogador começa a interagir com elas. Outras até funcionam, mas são grandes demais para o tempo disponível.
Esse choque entre expectativa e realidade faz parte do processo criativo e é extremamente saudável. Ele ensina que jogos não são apenas conceitos criativos, mas experiências interativas que precisam ser claras, compreensíveis e interessantes de jogar. Falhar cedo ajuda a ajustar o rumo do projeto, simplificar decisões e focar no que realmente importa.
Aprender a cortar excessos, abandonar ideias e adaptar o escopo não é sinal de fracasso, mas de maturidade criativa. E a game jam acelera esse aprendizado de forma natural.
As histórias curiosas que só uma game jam proporciona
Quem já participou de uma game jam costuma dizer que o evento rende tantas histórias quanto jogos. Isso acontece porque o tempo curto, a pressão e a criação coletiva criam situações que dificilmente surgiriam em um projeto tradicional.

Uma das histórias mais comuns envolve os famosos bugs inesperados. Aquela falha estranha que surge minutos antes do prazo final, o personagem que atravessa o chão sem explicação ou a mecânica que funcionava perfeitamente horas atrás e, de repente, para de funcionar. Em game jams, esses problemas não são exceção: fazem parte do pacote.

O desespero com o tempo também é quase um ritual. É comum ver participantes recalculando escopo no meio da madrugada, cortando ideias que pareciam essenciais no início do evento ou transformando sistemas complexos em versões muito mais simples para conseguir entregar algo jogável. Essa corrida contra o relógio ensina, de forma prática, que saber o que abandonar é tão importante quanto saber o que criar.
Outro ponto curioso são os conflitos que surgem dentro das equipes. Diferenças de opinião sobre mecânicas, estilo visual ou prioridades aparecem com frequência, especialmente quando o cansaço começa a bater. Apesar disso, esses conflitos costumam ser construtivos e ajudam o grupo a amadurecer decisões rapidamente, refletindo a rotina de trabalho em grandes equipes de desenvolvimento.
Aprender criando
Outro ponto que torna as game jams tão relevantes é o aprendizado prático. Ao invés de apenas consumir conteúdo sobre criação de jogos, os participantes colocam a mão na massa. Eles testam ideias, cometem erros, fazem ajustes e tomam decisões o tempo todo.
Durante o evento, surgem perguntas que fazem parte do cotidiano do desenvolvimento de jogos. O jogador entende o que precisa fazer? O jogo se explica sozinho? Vale a pena investir tempo nessa ideia ou é melhor simplificar? O que pode ser cortado para garantir que o projeto seja finalizado?
Essas reflexões aparecem de forma natural e ajudam a construir uma visão mais realista sobre como jogos são feitos.
Muito além das premiações
Embora muitas game jams possuam avaliações, rankings e até premiações, o maior valor desses eventos está no processo. Participar de uma jam é aprender a terminar projetos, entender limites, lidar com imprevistos e evoluir a cada tentativa, sem a pressão de acertar tudo de primeira.

Com o tempo, quem participa dessas experiências passa a tomar decisões mais conscientes, errar menos e criar com mais clareza. Os resultados aparecem como consequência desse amadurecimento, tanto técnico quanto criativo, em novos jogos criados.
NextIndie Jam 2
No Brasil, iniciativas como a NextIndie Jam seguem exatamente essa proposta, oferecendo um ambiente acessível e acolhedor, especialmente para quem está dando os primeiros passos no desenvolvimento de jogos.
A segunda edição da Jam acontece entre os dias 11 e 25 de janeiro de 2026 e representa uma boa oportunidade para começar o ano colocando ideias em prática e vivenciando o processo completo de criação de um jogo.
A participação é online, gratuita e aberta a desenvolvedores de qualquer nível de experiência. Mesmo quem não desenvolve jogos pode acompanhar os projetos, explorar as criações feitas durante o evento e observar de perto como as ideias ganham forma em uma game jam.
Serão duas semanas para criar um jogo do zero, a partir de um tema surpresa.
O evento é oferecido pela NextIndie Studio, e está hospedado na plataforma itch.io, podendo ser acessado por qualquer pessoa interessada.

Acesse a página da game jam: https://itch.io/jam/nextindie-jam-2
Servidor da jam no Discord: https://discord.gg/HvEGHevsVh








