O dia 11 de setembro de 2001, sem dúvida, mudou os rumos da história, e esse tipo de abalo pôde ser sentido em todos os lugares. Por respeito, ou por pura paranoia, o mundo do entretenimento teve sua dose. Uma lista de músicas ficou bem famosa ao serem proibidas nas rádios, como ‘What a Wonderful World’ que – por algum motivo – estava lá.
Filmes deixaram de ser exibidos ou tiveram seu conteúdo alterado – o primeiro trailer do Homem Aranha, onde um helicóptero era preso numa teia entre as torres gêmeas, sumiu da internet; e com os videogame não foi muito diferente.
MUDANÇAS E CANCELAMENTOS
O atentado terrorista foi apontado como uma das razões do cancelamento de Propeller Arena no Dreamcast, combate aéreo voltado para multiplayer, em que um dos cenários e sua capa eram justamente uma cidade. Seu lançamento estava marcado para o dia 19 daquele setembro, e houve, primeiramente, um adiamento e, em seguida o cancelamento. Contudo, anos mais tarde, uma versão apareceria na internet.
Diversos jogos tiveram seu conteúdo alterado em função do fatídico episódio. As torres foram retiradas do cenário de Flight Simulator; Twisted Metal Black sofreu um corte na sua versão americana em uma fase na qual o jogador podia derrubar um avião; Metal Gear Solid 2 teve uma cutscene do final cortada; GTA 3 foi adiado e, embora Liberty City seja inspirada em Nova Iorque, alguns detalhes foram alterados pra diluir as semelhanças com a cidade e não ficar naquela coisa de “é mas não é”.
O tempo passou, as tensões ao redor do mundo aumentaram, e em novembro de 2003 ocorreu o lançamento de America’s 10 Most Wanted, um FPS (First-Person Shooter) que coloca o jogador na pele de um ex-fuzileiro americano que vai por conta própria atrás dos 10 criminosos mais perigosos de acordo com a lista oficial – e real – do FBI.
LANÇAMENTO CONTROVERSO
America’s 10 Most Wanted fez muito jogador ficar com sangue nos olhos, vontade de vingar seu país e ir até o fim de um jogo (ruim) para, eventualmente, chegar na fase do Afeganistão e prender Osama Bin Laden. Sim, prender. Os 10 mais procurados devem ser levados com vida. Em outras palavras, uma jogada oportunista pra ganhar um trocado com o clima da época.
E como não se falou nada dos capangas, está liberado descarregar suas armas em qualquer um que apareça no meio do caminho. Quando chegar no alvo, a coisa muda e a captura será feita no braço em uma rápida luta 1 contra 1. O jogo foi lançado nos EUA como Fugitive Hunter: War on Terror.
O que realmente aconteceu foi que a Black Ops Entertainment (Knockout Kings 2001 e 2002) aproveitou a oportunidade e, em tempo recorde, lançou Fugitive Hunter, um jogo com um tema controverso; gráficos ruins, mesmo para o seu tempo; efeitos sonoros bem comuns, quando não pareciam ser armas futuristas; trilha sonora de muito mau gosto (que uma banda teve coragem de assinar) e uma jogabilidade horrível e simplista. Confira abaixo momento em que você sai no braço com Osama Bin Laden:
O desequilíbrio entre a seriedade do tema, pessoas e filmagens reais, sem falar das coisas mal feitas que rendiam humor involuntário, também são pontos contra. Fugitive Hunter: War on Terror foi muito mal recebido pelo público e crítica, e ainda levou mais algum tempo para outras produtoras levarem o assunto com o peso e a seriedade merecidos aos videogames.
São 11 telas pra serem exploradas, uma é de introdução e as outras 10 são destinadas a cada fugitivo. Os desafios são muitos e você vai passar por locais nos EUA e na Europa, até chegar no Afeganistão. Lá sua missão será capturar Saddam Hussein e Osama Bin Laden. O herói do jogo se chama Jake Seaver e é um agente da CIFR (Criminal Interdiction and Fugitive Recovery Task Force).
Uma coisa é certa, talvez você não curta os gráficos, a jogabilidade ou até o tema do jogo, mas depois de jogá-lo, nunca mais vai se esquecer pra qual sistema foi lançado, pois na trilha sonora há uma música, no estilo hip-hop, em que um MC fica repetindo continuamente a frase “Fugitive Hunter. PS2. Comin’ for me and comin’ for you…”. É pesado!