Lançado inicialmente para PC em 2023 e recentemente portado para o PS5, Back Then é um jogo indie que combina uma narrativa emocional com uma atmosfera profundamente introspectiva.
Criado pela desenvolvedora Outriders, o jogo coloca os jogadores no papel de Thomas, um poeta aposentado que enfrenta os desafios do Alzheimer. Esta é uma experiência curta, mas marcante, que aborda com delicadeza temas universais como a perda de memória, a busca pela identidade e a efemeridade da vida.
Uma Jornada Poética e Tocante
A narrativa de Back Then é o coração pulsante da experiência. Sensível e envolvente, ela não apenas conta uma história, mas convida o jogador a vivê-la, explorando as profundezas da mente de Thomas.
A perda de memória é representada de forma íntima, permitindo que os jogadores experimentem, ainda que de maneira virtual, a confusão e a frustração que acompanham o Alzheimer. Essa abordagem não apenas sensibiliza, mas também cria empatia, tornando o jogo uma obra que transcende o entretenimento.
Atmosfera e Imersão
O design visual e sonoro de Back Then é minimalista, mas incrivelmente eficaz. Com gráficos de estilo vintage e uma trilha sonora suave, o jogo evoca uma sensação de nostalgia que complementa perfeitamente seu tema principal.
Semelhante ao que Hellblade: Senua’s Sacrifice fez com a esquizofrenia, Back Then recomenda o uso de fones de ouvido para uma experiência imersiva. Durante o jogo, o jogador ouve vozes de familiares e pensamentos internos, criando uma simulação de como a mente de Thomas alterna entre realidade e memória.
Mecânicas Únicas e Narrativa em Foco
A mecânica central de Back Then gira em torno de uma máquina de escrever, usada para navegar pelos pensamentos e lembranças de Thomas. Este elemento não é apenas uma ferramenta funcional, mas também uma metáfora poderosa para o papel da memória e da criatividade na vida de um escritor.
A curta duração do jogo é um ponto positivo: ele transmite sua mensagem de forma concisa e impactante, evitando qualquer desgaste narrativo.
Os momentos mais emocionantes surgem quando Thomas, em meio a lapsos de memória, luta para lembrar os rostos de seus filhos ou tenta concluir uma história que parece sempre escapar de suas mãos.
Essas cenas despertam sentimentos de tristeza e melancolia, pois lidam com medos profundos e universais sobre envelhecimento, perda e isolamento, medos esses que todos ou quase todos nós temos.
Limitações e Detalhes Realistas
Além do Alzheimer, Thomas enfrenta limitações motoras. Quando relembra o passado, ele caminha livremente, mas ao retornar ao presente, o jogador sente as dificuldades de alguém que depende de uma cadeira de rodas. Esse contraste é mais do que mecânico; é uma poderosa ferramenta narrativa que reforça o peso do tempo e da doença.
Embora não haja confirmação oficial, a riqueza de detalhes do jogo sugere que a história de Thomas pode ter sido inspirada por alguém real. Isso contribui para a autenticidade emocional do jogo, ampliando seu impacto sobre os jogadores.
Versão PS5 e Fator Replay
O port para PS5 foi bem executado. A Outriders utilizou o touchpad do DualSense para simular um cursor estilo mouse, facilitando a navegação no estilo point-and-click. O fator replay é razoável – pode ser interessante jogar novamente para pegar objetos esquecidos (e ganhar o único troféu não linear), bem como acompanhar toda a narrativa de maneira mais clara, já sabendo de todas as soluções para os puzzles, assim como fazemos quando assistimos a um filme pela segunda vez.
Veredito
“Back Then” não é um jogo tradicional; é mais uma experiência artística e reflexiva. Ele é ideal para quem aprecia narrativas profundas e temas complexos. A forma poética e respeitosa como aborda o Alzheimer e a nostalgia o torna uma joia no cenário indie.
Altamente recomendado para jogadores que apreciam narrativas emocionais e introspectivas, Back Then é uma lembrança poderosa de que, mesmo em meio à perda, as memórias e as conexões humanas permanecem essenciais.