O Game Boy Micro foi lançado em 2005, mais de um ano após o lançamento do Nintendo DS. Sendo o último modelo de Game Boy Advance, o portátil, bem pequeno, tinha como diferencial a troca da placa da frente, semelhante ao que acontecia no mercado de celulares da época, que contava com personalização baseada na troca da parte da frente dos aparelhos.

Mesmo com uma proposta descolada para a época, Reggie Fils-Aimé, CEO da Nintendo of America da época, sempre se mostrou contrário ao lançamento desta versão portátil, como deixado claro no livro “Disrupting the Game: From the Bronx to the Top of Nintendo”, livro no qual o executivo conta suas experiências enquanto chefe da Nintendo nos EUA.

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Segundo o executivo, a ideia de lançar o Game Boy Micro partiu da Nintendo japonesa, sendo mais uma das muitas vezes que as empresas dos EUA e Japão não compartilhavam da mesma ideia. O mesmo aconteceu inúmeras vezes com a SEGA, com a divisão ocidental discordando várias vezes das decisões japonesas e vice-versa.

Na época, ele ainda era vice-presidente de vendas e marketing da companhia, e trabalhava em uma campanha de Black Frida, para acabar com todos os estoques de Game Boy Advance, para dar atenção total ao DS, que já havia sido lançado e estava vendendo muito bem. “Na minha perspectiva, o conceito do Game Boy Micro era algo que nem devia ter começado”, disse Fils-Aimé.

O executivo reclamou do tamanho do hardware, extremamente pequeno, com controles difíceis de serem manuseados, e uma tela também pequena. Naqueles tempos, o DS tinha tela de 3 polegadas, enquanto o PSP tinha tela de 4,3 polegadas, enquanto o GBA Micro tinha uma tela com apenas duas polegadas.

Ele também afirmou que teve discussões sérias com outros executivos da Nintendo, explicando que a companhia deveria ter trabalhado de forma mais integrada, ou restringindo o lançamento do produto apenas para o Japão. A Nintendo japonesa, também, encarava o DS e o Game Boy Advance como dois produtos que poderiam ser trabalhados em conjunto, enquanto Fils-Aimé achava que o GBA já atrapalhava o desempenho do DS nos EUA, uma vez que o console de duas telas já tinha suporte ao console anterior.

Quando se tornou presidente, Reggie passou a fazer reuniões semanais para revisão das prioridades e progressos, como forma de evitar que uma nova situação como a do Game Boy Micro ocorresse novamente. A decisão não foi bem aceita a princípio, mas o executivo acredita que foi uma decisão correta, que trouxe benefícios a longo prazo, especialmente nos tempos do Nintendo Wii.