Em uma iniciativa bem curiosa, pesquisadores da Google conseguiram “recriar” o clássico jogo Doom através de técnicas de Inteligência Artificial (IA). Este projeto, detalhado em um artigo recente, utilizou vídeos de gameplay de Doom para treinar a engine GameNGen, baseada em modelos neurais, a compreender e replicar o que observava. O intuito é verificar se um ser humano poderia distinguir entre o Doom original e sua versão gerada por IA.

O vídeo demonstrativo revela que a IA não apenas replicou a estética visual e o gameplay, mas também recriou com precisão elementos específicos dos mapas, como a plataforma em zigue-zague do mapa M1E1. A pesquisa sugere que é viável criar jogos com IA de maneira que o resultado seja indistinguível do original aos olhos de um humano, levantando questões sobre o futuro da indústria dos videogames.

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No entanto, essa inovação surge em um momento onde a utilização da IA no setor de jogos eletrônicos é vista com cautela. Enquanto a tecnologia promete simplificar processos e até mesmo desenvolver softwares complexos, grandes empresas do setor, incluindo Amazon, Activision, EA e Ubisoft, têm focado em IA para substituir o talento humano, visando desenvolvimento mais rápido e econômico. Essa abordagem, no entanto, tem sido criticada por afetar negativamente a qualidade dos produtos finais e por impactar negativamente os desenvolvedores, com demissões em massa sendo reportadas.

A recriação de Doom por IA é, sem dúvida, um feito bem interessante. Contudo, o timing desta revelação, em meio a uma onda de substituições de desenvolvedores por sistemas automatizados, coloca em questão os valores e as prioridades das grandes corporações do entretenimento digital. Enquanto a IA pode oferecer novas possibilidades, o debate sobre seu uso ético e suas implicações para o futuro dos desenvolvedores de jogos permanece aberto e mais relevante do que nunca.