A primeira vez que eu vi um Intellivision na minha vida foi em 1986, na casa de um primo. Eu nunca tinha ouvido falar sobre o console da Mattel e aquela experiência foi muito marcante, pois o primeiro jogo que ele colocou foi o do He-Man.

Eu tinha 7 anos e ver meu personagem favorito de desenho num jogo de vídeo game me causou uma emoção forte demais. Aquele momento ficou eternizado na minha memória. E por incrível que pareça, eu só fui ver um Intellivision de novo em 2017, então aquela lembrança me acompanhou durante longos 31 anos.

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Intellivision da Mattel – Foto de Internet

Em 1989 eu ganhei meu Phantom System e a partir daí eu entrei de cabeça na 3ª geração. Foi a minha segunda era de ouro com os videogames e jogos como Double Dragon, Tartarugas Ninja 2 e Mike Tyson Punch Out me marcaram demais. Minha maior frustração dessa época foi nunca ter tido um dos jogos que eu mais gostava, que era o Castlevania.

Eu vivi intensamente a passagem para a 4ª geração e toda a revolução gráfica que o Mega Drive e o SNES trouxeram. Para quem cresceu tendo que usar a imaginação para transformar um pixel num personagem, ver um Streets of Rage na TV de casa era magia pura. Mas, acredite se quiser, o Intellivision e o Castlevania foram dois amores não correspondidos que eu nunca consegui superar.

Muitos anos se passaram, eu me casei, tive filhos e num determinado momento eu senti necessidade de fazer um mergulho no meu passado, numa época muito feliz da minha vida e decidi entrar de novo no mundo dos videogames. Eu fui buscar aqueles jogos e consoles que marcaram minha infância, mas também fui atrás daqueles que eu sempre sonhei ter.

E aí, finalmente, o Intellivision entrou na minha vida! Nem preciso falar qual foi o primeiro jogo que eu comprei, né? Mais não foi só o He-Man. Eu comecei a explorar esse mundo incrível e jogos como Burguer Time, Desafio Estrelar, Popeye, entre outros, me mostraram o quão potente o videogame da Mattel é. Valeu demais a espera!

Claro que nessa minha volta ao passado eu também fui atrás dos meus jogos favoritos do NES e o Castlevania foi o primeiro. Jogar novamente as aventuras de Simon Belmont foi uma redescoberta. Eu diria que entrei na minha melhor fase com esse jogo tão icônico.

Um belo dia, já em 2021, eu vejo um grande colecionador de retrogames, o John Hancock, publicar um vídeo fazendo um review de uma versão do Castlevania lançada para o Intellivision, chamada Intellivania (que nome criativo!).

Castlevania para o Intellivision: Intellivania – Acervo Luis (Canal RetroGamer Brasil)

Eu comecei a assistir ao vídeo imaginando ser mais um daqueles casos onde teríamos que usar ao máximo nossa imaginação para enxergar um Simon Belmont ou um Drácula ali. Mas, para minha surpresa, o que eu vi foi de tirar o fôlego. O jogo reproduzia com extrema qualidade o clássico do NES!

Descobri que o Intellivania era uma produção independente, desenvolvido por um cara chamado Matthew Kiehl e lançado pelo Intellivision Revolution, um pessoal que tem feito um trabalho muito legal de preservação da história e de lançamento de novos jogos para o querido console da 2ª geração.

Gameplay de Intellivania – Imagem de Internet

Corri para o site deles e, para minha frustração, o estoque estava esgotado. A partir desse dia, foi uma jornada incansável de entrar no site todos os dias, até que quase 6 meses depois eu finalmente consegui comprar o meu. Demorou 2 semanas para o jogo chegar em casa (que espera insuportável!), mas no final essa dificuldade toda valeu muito a pena!

A partir daí foram só experiências fantásticas. Começando pela caixinha do jogo, feita de forma primorosa. Seguindo exatamente o mesmo formato das clássicas caixas do Intellivision, mas com um material de muito mais qualidade, com brilho e com uma arte maravilhosa.

Caixas do jogo – Foto de Internet

Ao abrir a caixa, mais surpresas positivas. O manual é impecável, com ilustrações coloridas e com imagens reais do jogo. Os layers para colocar no controle, apesar de não terem muito uso no jogo, são lindos demais. Da vontade de deixar um guardado na carteira pra poder mostrar pra todo mundo.

Mas nada supera a sensação de colocar o cartucho e ligar o videogame. Tudo o que acontece daí para a frente é de cair o queixo. Da abertura com o Simon entrando no castelo, passando pelos gráficos bem elaborados e pela trilha sonora belíssima e executada com primazia, fazem Intellivania uma obra prima!

Primeira fase do jogo – Imagem de Internet

Quer ficar ainda mais surpreso? Todas as fases da versão original do Nintendinho estão presentes. E o design é o mesmo. Até os objetos escondidos estão nos mesmos lugares. O hit detection é impressionante e os cenários são lindos, com cores inimagináveis para um console da 2ª geração.

O único ponto negativo fica por conta do controle. Não por uma debilidade de jogo, mas pelas características do controle do Intellivision, com seu disco e com os botões de ação na lateral. Pular e usar qualquer arma ao mesmo tempo é uma tarefa bem complicada, o que só aumenta a dificuldade de um jogo que já é bem desafiador.

Gráficos muito fieis ao Castlevania de NES

Faz 2 semanas que jogo incansavelmente meu Intellivania e a cada dia me surpreendo mais. Essa volta no tempo do Castlevania foi feita de forma muito caprichada. E, coincidência ou não, Castlevania foi lançado para o Famicom em 1986, mesmo ano que eu conheci o Intellivision.

Como num roteiro perfeito, 34 anos depois, aqueles amores não correspondidos da minha infância se encontraram! Valeu cada minuto da espera!

Itens que acompanham o game Intellivania – Acervo Luis (Canal RetroGamer Brasil)