Uma coisa era impensável, durante os anos 90: o fato de que os famosos FPS, que tiveram seus primeiros dias de brilho com Doom, Wolfenstein 3D e Duke Nukem, além de outros clássicos, rodariam em um portátil. Até existiram alguns ports considerados milagrosos, mas para consoles como o Super Nintendo ou o Mega Drive.

Ao menos, no auge destes games, versões para Game Boy ou Game Gear era algo totalmente impensável. Mas o tempo passou, e o Game Boy Advance chegou com uma evolução interessante para o mundo portátil. Agora, os jogadores teriam acesso a jogos com a qualidade de um Super Nintendo, mas em qualquer lugar.

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Isso permitiria que games que, até então não eram pensados para portáteis fossem considerados. E o casamento destes primeiros FPS com um console portátil era apenas questão de tempo. Pois um completava o outro de forma bem prática: as missões, geralmente eram rápidas, sendo terminadas em minutos, especialmente por quem já dominava seus mapas. Algo ideal para o conceito portátil, que ás vezes conta com pouco tempo por parte do dono de um console pequeno.

Assim, vários FPSs chegaram ao Game Boy Advance, em um portátil que, primariamente, era imaginado como um lar de Pokémons, jogos de plataforma e RPGs. Entre eles, estes clássicos mencionados. É claro que cada um deles tiveram questões específicas, apesar de compartilharem de gameplay e visual.

Wolfenstein 3D, po exemplo, ganhou um port quase perfeito para o GBA, por ser um jogo mais antigo e, assim, mais simples visualmente falando. Doom e Doom II, que já contavam com cenários mais detalhados, sofreram um pouco em acabamento de cenários e em algumas animações. E Duke Nukem, que chegou depois, com muito mais recursos técnicos e visuais, sofreu bastante no portátil, mas foi lançado mesmo assim, graças a popularidade do título. E conquistou os jogadores, sendo muito reverenciado como um dos melhores FPS do portátil.

O port de Wolfenstein 3D ganhou uma diferença relevante em relação ao port de Super Nintendo: o game não é censurado, com tudo do jogo original: as bandeiras nazis, os cachorros e até a figura de Hitler como chefe. É lembrado por oferecer muita diversão, mesmo com visual datado, provando a máxima de que gráficos não são o elemento principal para definir um bom game. Continuou o legado de um clássico no mundo portátil.

Doom foi portado com qualidade técnica, com controles fáceis de usar, uma benção quando lembramos que era um jogo jogado em teclados, e foi adaptado para um console pequeno, com poucos botões. Como o game já havia sido portado para diversos sistemas nos anos 90, como o 32X ou o Jaguar, o game levou este know-how, pelo lado bom ou ruim, para o GBA. Ainda assim, é um clássico, que muita gente adorou jogar na época, no intervalo da escola.

Mas Doom II melhorou em tudo o que precisava. Conseguiu ser muito fiel ao PC, incluindo o conteúdo. E hoje em dia também é um item raro, perfeito para caçadas de colecionadores.

E, por fim, Duke Nukem Advance, que apesar de sofrer, conseguia levar o máximo de qualidade para o Game Boy Advance, dentre todos do gênero. Se o desempenho sofre, o gameplay compensa, e muito, fazendo o game se tornar algo muito divertido e com a mesma essência do game original.

Tais games fizeram a indústria perceber que o GBA era ótimo para o gênero, o que rendeu muitos outros jogos interessantes, entre eles: James Bond 007: Nightfire, Serious Sam Advance, Metal of Honor Underground ou Ice Nine. Fazendo com que, ao menos durante os dias de GBA, os Pokémons sempre dividissem espaço, nas bolsas e mochilas, com algum jogo envolvendo um soldado de algum lugar armado até os dentes, pronto para a ação.