Depois de aparecer em mais de 15 jogos de videogame, Venom finalmente ganha um filme só pra ele. Essa era a intenção da Marvel desde 1997, mas foi apenas em 2007, em Spider-Man 3, que os planos começaram a sair do papel. Será que ficou bom?

O produtor Avi Arad conseguiu realizar seu sonho: um filme solo do simbionte alienígena. Ele o queria desde 2007, desde aquela breve aparição do personagem, interpretado por Topher Grace, no hiper criticado Homem-Aranha 3. Uma total decisão de Arad; o diretor Sam Raimi nunca gostou do Venom, e sempre expressou isso. E por pouco a franquia O Espetacular Homem-Aranha não tivera um spin-off do personagem, além de uma aparição num terceiro filme, projeto esse que nunca viu a luz do dia, obviamente.

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E mesmo agora, com o acordo entre Marvel Studios (que tem seu Peter Parker/Homem-Aranha  exclusivo do MCU) e a Sony (com seu “Aranhaverso” de filmes sobre antagonistas do Teioso em construção, sem ligação alguma com o MCU), Arad ainda ansiava por essa empreitada solo do Venom, atual objeto de análise.

Desde seu anúncio aos inúmeros trailers, tudo o que era divulgado pendia ao genérico, e parecia carente de paixão por parte dos envolvidos. Uma obra puramente comercial, e seu produto final não fugiu disso, embora ainda tenha momentos interessantes – mesmo que pelos motivos mais estúpidos. Venom conseguiu ser uma das experiências cinematográficas mais deprimentes e estranhas de 2018.

O roteiro desse filme é tenebroso. A trama é uma das coisas mais rasas e tolas já vistas nos últimos anos; os eventos ocorrem porque precisam, e não por um motivo lógico envolvido. Os diálogos são infantis e nada naturais. Em alguns momentos, sequer parece que são dois seres humanos interagindo em cena, para se ter uma noção; apenas se salvando, mesmo que por pouco, quando o simbionte está presente. Já a interação entre Eddie Brock e Venom é um dos pontos altos do filme, graças à performance de Tom Hardy, claramente se divertindo com o projeto.

Os personagens seguem clichês à risca, parecem caricatos não possuem arcos dramáticos; ninguém evolui, algo inaceitável para qualquer enredo, seja bom ou ruim. A narrativa tem um ritmo problemático, porque ela começa incrivelmente rápida, fica estagnada e, do nada, pula de um possível desenvolvimento de 2º ato direto para o clímax do 3º. É estarrecedor o susto que o filme dá ao nos levar ao clímax sem uma boa construção de eventos sequer.

No meio disso tudo, temos cenas de ação que, acreditem, colaboram com a sensação de tédio que permeia a projeção (todas, sem exceção, se passam à noite, em muito para esconder a fraca computação gráfica implementada para dar vida aos simbiontes). já que não há sentimento algum diante de qualquer personagem que possa estar em perigo. Aliás, a ação valeria muito mais de uma classificação etária maior, tendo em vista que temos aqui um monstrengo que come a cabeça das pessoas…

Para concluir, o filme possui um tom problemático, pois ele não sabe o que quer ser: ora pende ao humor negro, ora ao suspense, ora ao terror, mas nada entra em harmonia, criando uma colcha de retalhos.

No mais, a sensação de tristeza é latente em relação ao diretor, Ruben Fleischer, que foi o responsável por um dos filmes de comédia mais divertidos, Zumbilândia (é interessante assistir a ambos os filmes apenas para se ter uma noção da diferença causada pela interferência ou ausência de um estúdio na hora de entregar o produto final), e ao bom elenco, composto também por Michelle Williams e Riz Ahmed, todos reféns de um roteiro pobre sem alma.

Venom, ainda que possua uns raros bons momentos, é, como o próprio o diz diante de um antagonista, um “cocô ao vento”.


Vale lembrar que a WarpZone esteve presente na recente edição de setembro da Revista Preview, numa matéria sobre o game Maximum Carnage, escrita por Johnny Villa.