Caro leitor da WarpZone, estamos estreando a seção de entrevistas aqui no portal e começamos com um convidado de peso, o grande Marcus Garret.

Autor de livros sobre videogames, idealizador de documentários e um grande arqueólogo digital. Vamos conhecer um pouco mais sobre o seu projeto chamado Jogos 80, uma revista especializada em videogames e microcomputadores antigos que ele faz junto com Eduardo Luccas e uma equipe de colaboradores. Acompanhe.

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[intense_alert]IMPORTANTE: As opiniões das respostas abaixo são de responsabilidade unicamente do(s) entrevistado(s).[/intense_alert]

Marcus Garret e Eduardo Luccas1 – De quem foi a ideia e quando surgiu a revista?

A ideia partiu de mim, mas só foi possível levá-la adiante porque um amigo de infância, o Walter Garrote, topou diagramar o projeto. O “Waltinho”, como sempre o chamei, já trabalhava profissionalmente com diagramação eletrônica (ele tinha um Mac em casa!). Além disso, havíamos criado um fanzine, alguns anos antes, dedicado ao anime Uchuu Senkan Yamato, conhecido no Brasil como Patrulha Estelar – desenho exibido pela extinta Rede Manchete quando a Xuxa estreou no Clube da Criança. Expliquei ao Walter o projeto, mostrei-lhe algumas referências de exemplo, tais como as revistas Micro & Vídeo e INPUT, e a coisa engrenou.

A primeira edição saiu em meados de 2004, em PDF, e desde então estamos na ativa! Infelizmente, o Walter precisou abandonar o projeto – por motivos profissionais – após o número 4, foi quando chamei o amigo Eduardo Luccas, entusiasta de videogames/micros clássicos, e ele topou assumir a diagramação. Há pouco tempo decidimos, além do PDF, oferecer a revista impressa, algo que tem feito bastante sucesso. Estamos bem felizes.

2 – Quem é o time envolvido com a revista?

Eu e o Eduardo Luccas somos os editores, sendo que fico com a parte de conteúdo/pautas e ele com a parte de diagramação. O Saulo Santiago, nosso amigo também, assumiu a elaboração das capas e as tem feito há várias edições. A revista é feita por muita gente, há vários amigos que têm colaborado conosco com artigos, reviews e entrevistas, praticamente desde o início. Sem eles não existira a Jogos 80, por isto posso afirmar com propriedade. Eles fazem a revista!

3 – Quais os desafios de se fazer uma revista sobre videogames e micros antigos?

Muita gente acha que o assunto é de um nicho bem fechado, que os temas “se esgotam” rapidamente, mas a coisa é o oposto: estamos sempre “cavucando” o passado, encontrando gente que fez parte da indústria, que “esteve lá” – e gente do Brasil. A Jogos 80, em termos de videogames, se especializou no que se convencionou chamar de período pré-Crash (dos consoles nos E.U.A.). Sendo assim, basicamente escrevemos sobre tudo ou quase tudo que existiu até o ColecoVision e um pouco do NES, mas pouco.

A gente se especializou também nos microcomputadores clássicos, máquinas como o TRS-80, Apple II, ZX81, ZX Spectrum, MSX, Commodore 64, Amiga e algumas outras linhas. Em realidade, eu diria que focamos bem mais nos micros, chuto que a porcentagem seja de 70% (micros) para 30% (consoles). Gosto de pensar que a Jogos 80 é, guardadas as devidas proporções, uma mescla da Micro & Vídeo, Micro Sistemas e INPUT. Em relação aos desafios, retomando o tema da pergunta, é tentar resgatar o passado gamístico brasileiro, falar com as pessoas antes que elas morram ou “desapareçam”. Estamos sempre com nossos radares ligados para buscar essa turma que fez a nossa história.

Capa da edição 10 da revista Jogos 80

4 – Quais momentos vocês destacam como especial nesta jornada? Alguma matéria/entrevista?

Há vários momentos especiais, difícil escolher… A entrevista que fizemos com o Nolan Bushnell, cocriador da Atari, bem antes de que ele se tornasse “figurinha carimbada” na BGS, além da entrevista com o criador do videogame doméstico, o Ralph Baer. Também, algumas entrevistas nacionais, tais como o papo que tivemos com o antigo dono da Canal 3, a pioneira fabricante de cartuchos de Atari nacionais, o Sr. Joseph Maghrabi. Entrevistamos também o mestre Renato Degiovani, criador do “Amazônia”, e, mais recentemente, o Sr. Luiz Fernandes de Moraes, criador do adventure brasileiro “A Lenda da Gávea”.

Eu me sinto até mal de citar só algumas, várias ficaram de fora… Existem algumas matérias das quais me orgulho muito, uma delas é a visita ao antigo prédio da Sinclair, em Cambridge, Inglaterra. Destaco também “Dossiês” que elaboramos, o qual podemos citar o do raro console Top Game da Bit Eletrônica, um “quase” clone nacional do Atari, lançado em dezembro de 1982.

Outro dossiê foi o do Onyx, clone nacional do ColecoVision, que não chegou a ver a luz do dia, mas cujo protótipo praticamente “caiu em nosso colo”… Eu me sinto orgulhoso por ter tido a chance de recuperar as histórias dessas pessoas, especialmente os brasileiros.

5 – Qual é o futuro da revista?

O futuro é trazer ainda mais informações legais, recuperar as histórias de mais pessoas, poder continuar a fazer a revista impressa. Não é fácil produzir no Brasil, tudo é caro e demanda tempo. A vontade é continuar a produzir material nesse foco e formato que adotamos, deixando os consoles um pouco mais novos para a turma que realmente os curte de montão, ou seja, os amigos da WarpZone! Vocês têm realizado um trabalho absolutamente fantástico, é de tirar o chapéu!

Capa da edição 11 da revista Jogos 80

Curtiu esse bate-papo com o Marcus? Quer conhecer mais sobre a Jogos 80? Então se liga no site da revista e na página no Facebook.