Apesar de ter ficado um pouco de lado a partir das gerações que valorizaram os jogos em 3D, o beat em’ up é um gênero que não perde a forma. Com as possibilidades dos consoles atuais, eles mostram que ainda têm muito a oferecer.

Essa colocação se afirma com Tunche, jogo da desenvolvedora peruana LEAP Games Studio que adiciona mecânicas novas ao estilo e apresenta uma temática inédita em jogos japoneses e estadunidenses.

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Gameplay de Tunche, LEAP Games Studio

Ambientando na Amazônia peruana, Tunche conta a história de cinco jovens heróis com habilidades e motivações únicas, que se reúnem para encontrar o lendário Tunche e derrotar as criaturas que assombram a floresta. Esses monstros, assim como os outros personagens da aventura, tem origem no folclore peruano, que norteia toda a mística do jogo.

NA SELVA A BRIGA É DIFERENTE

Tunche utiliza o gênero beat em’up para aplicar mecânicas de jogos roguelike em sua jogabilidade. Além dos controles simples e funcionais, o jogador precisa aprender uma série de conceitos que envolvem aprimoramento de habilidades, uso de moedas de troca específicas, aleatoriedade dos estágios e confrontos e a morte permanente. Uma vez derrotado, você volta para o início do jogo e precisa refazer todas as fases e combates do game, não importa em qual estágio você esteja.

Com essas mecânicas, Tunche deixa de ter as características de um briga de rua clássico e adquire elementos singulares, tornando-se um jogo no qual é necessário a insistência e a paciência para dominá-lo.

Gameplay de Tunche, LEAP Games Studio

Por esses motivos, é preciso jogá-lo de forma mais compromissada, descobrindo as melhores estratégias para vencer os chefes e como aprimorar o seu avatar com as habilidades e itens disponíveis. No início, a quantidade de diálogos sobre esses atributos é um pouco massante, porém, depois que o jogador os domina, passam a ser grandes aliados na jogatina.

UMA AVENTURA DE ENCHER OS OLHOS

Tunche foi completamente desenhado à mão. Seus cenários vibrantes e personagens carismáticos conquistam o jogador já pelo visual. O design dos chefes, por exemplo, é de cair o queixo, com destaque para o Boutu (nosso boto cor-de-rosa) e o Yacuruna. Os protagonistas e NPCs também são um show à parte, em particular o Léo, uma lhama empreendedora.

O jogador pode escolher entre os índios Pancho, Qaru, Nayra, Rumi além de Hat Kid, personagem transportada diretamente do jogo A Hat In Time. Durante a jogatina, é possível conhecer a história dos protagonistas através de histórias em quadrinhos encontradas em algumas telas.

Gameplay de Tunche, LEAP Games Studio

Cada um dos avatares representa um estereótipo comum nesse tipo de jogo: o forte e lento, o fraco com boa habilidade com magias, o rápido e os equilibrados. Em modo co-op, até 4 players podem se aventurar pelos quatro cenários da selva amazônica.

Tunche é um beat em’ up que não deve ser pensado ou comparado com clássicos como Double Dragon ou Streets Of Rage. Esse talvez seja o primeiro critério para entendê-lo como uma obra onde é necessário que o jogador se dedique para dominá-lo, ao invés de ser uma diversão mais casual e rápida, avançando por telas e derrotando inimigos. Com fidelidade completa ao roguelike, o jogo da LEAP é um banquete de estratégia e imprevisibilidade.

Gameplay de Tunche, LEAP Games Studio

A desenvolvedora acerta também no tema do game. A escolha por uma história que se passa na Amazônia peruana e com protagonistas indígenas representa uma valorização da cultura sul-americana dentro de um mercado em que Europa, Estados Unidos e Japão são dominantes.

Com a excelente arte do jogo, é inevitável não se apaixonar por personagens tão carismáticos. Para quem procura algo diferente na já consagrada mecânica dos beat em’ up, Tunche é uma boa novidade, que exige dedicação e paciência.

Tunche está disponível para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC.