A pandemia trouxe alguns desafios na cena dos games independentes nacionais. Mas, com adaptação, coragem e paixão esses desafios serão vencidos.

No final do mês passado, tivemos a primeira edição do BIG Digital e o Brasil marcou presença com 12 lançamentos exclusivos de jogos indies, como o alucinante roguelike Dandy Ace, da Mad Mimic, Tetragon, o RPG cheio de magias da Bad Minions, e o Alchemist Adventure (você pode ver a lista completa com os nomes dos jogos e as plataformas deles aqui).

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Dandy Ace, Alchemist Adventure e Tetragon foram atrações do BIG Digital 2020Além disso, haverá uma campanha inspirada no livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell. O jogo é do Studio 85, uma empresa de games de Fortaleza, vencedora dos prêmios “Melhor Jogo Estudantil” e “Escolha do Público” na Feira do Conhecimento 2019, realizada no Ceará.

A WarpZone conversou com os produtores do BIG, e de outros eventos já confirmados para esse ano, para saber das novidades e contar tudo, em primeira mão.

Confira a entrevista com Mariana Gomes, gestora do projeto Programa Brazil Games na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

[intense_alert color=”#ff0000″] ENTREVISTA [/intense_alert] WarpZone – Primeiramente, vamos começar com o lançamento, de 2019, da nova marca, a Brazil Games. A estreia oficial foi na Game Connection America, GCA e na Game Developers Conference GDC, em 2019. Como foi a aceitação nesses grandes eventos, em São Francisco (EUA)?

Mariana – Dentre as várias atividades que a Apex-Brasil executa em seu trabalho de promoção comercial internacional estão o desenvolvimento e a aplicação de branding (posicionamento de marca) internacional dos setores que apoia, como uma maneira de promover o setor e o país nos mercados internacionais.

O lançamento da nova marca está dentro deste contexto. Nossa parceria com o mercado de games teve início em 2013 e em 2018 diagnosticamos a necessidade de atualizar o nosso posicionamento como setor no exterior: era um segmento que havia amadurecido rapidamente e fortalecido sua formação e presença como cadeia produtiva – e a marca precisava refletir esse desenvolvimento.

Com esse novo lançamento também nos aproximamos de outros países desenvolvedores de jogos eletrônicos, que promovem o setor no mercado internacional da mesma maneira, o que garantiu a boa aceitação da nossa nova marca.

A Brazil Games foi lançada em 2019, em grandes eventos da indústria de games, em São Francisco (EUA), como a GDC

WarpZone – Como foi para vocês, junto com a Apex-Brasil e a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames), tomar a decisão de mudar a estratégia, por conta da pandemia, e fazer uma versão online do maior evento da indústria indie na América Latina? Não deve ter sido uma tarefa fácil, como foi receber a notícia do Covid-19 e quais foram os impactos para os projetos deste ano?

Mariana – Para o apoio à promoção de negócios internacionais do setor brasileiro de games, desenvolvemos, em parceria com a Abragames, um plano de trabalho com estratégias e ações para dois anos. Com o início da pandemia, parte desse plano de trabalho, alocado em ações para o ano de 2020, foi impactado (diversos eventos internacionais, como a GDC – Game Developers Conference, foram cancelados por exemplo).

Dentro deste plano de trabalho para 2020 também estava o BIG Festival, uma vez que a Apex-Brasil apoia, por intermédio da nossa parceria com a Abragames, a realização de rodadas de negócios entre empresas brasileiras e os principais competidores internacionais do setor de games. E, além dos eventos cancelados, a pandemia também trouxe a proibição das viagens, nacionais e internacionais.

Então decidimos mudar a estratégia. O setor de games se adaptou muito rapidamente ao trabalho remoto (home office) – muitos já trabalhavam desta maneira, longe do escritório, antes mesmo da pandemia – e as entregas dos games já previstos não foram impactadas.

No entanto, a realização de negócios internacionais pra esse setor depende muito de relacionamentos e de recorrência no contato entre as empresas brasileiras e os principais atores internacionais do segmento de jogos eletrônicos. A geração de leads é vital para o negócio. Por isso decidimos transformar as rodadas de negócios do BIG Festival, que ocorreram de maneira presencial nas últimas edições, para o formato virtual (online).

Rodadas de Negócio do BIG: ótima oportunidade de networking entre os profissionais. Inscrições abertas para Janeiro de 2021

WarpZone – E o que você destaca da palestra “Conheça o Programa Internacional Brazil Games”, no encerramento do BIG Digital?

Mariana – Montamos a palestra com o objetivo de apresentar o programa para outras empresas brasileiras que ainda não apoiamos e ainda podem se beneficiar. Ao longo das rodadas do BIG pudemos conhecer empresas inclusive fora do eixo Sul-Sudeste que ainda não sabiam do programa e manifestaram interesse em fazer parte.

Então, além da própria Agência e da Abragames, chamamos alguns empresários que já participam do programa para darem seus depoimentos sobre os resultados obtidos pelas empresas com a participação no Brazil Games.

WarpZone – A Brazil Games possui eventos importantes para este ano. Como está evolução deles, estão confirmados?

Mariana – Estamos acompanhando diariamente a evolução do impacto da pandemia no nosso calendário de 2020. Alguns eventos estão migrando para o formato online, por exemplo, como é o caso da XDS 2020 Adapt. Como muitas mudanças acontecem, e de maneira muito rápida, orientamos que as empresas mantenham contato direto com a Abragames, que é quem negocia diretamente com as organizações desses eventos internacionais.

WarpZone – A UNICEF fez uma série de recomendações em junho deste ano para a indústria de games, em especial sobre o impacto que essa indústria tem sobre as crianças. Como você vê essas guides?

Mariana – Eu acredito que recomendações que ajudam na busca pelo equilíbrio e pelo meio termo são sempre muito benéficas. E acho importante lembrar que a produção brasileira de games é muito diversificada: temos jogos de impacto social que ajudam crianças com câncer a entenderem o que está passando no corpo delas, games que ensinam poesia e contam estórias interativas, educativos que te colocam em contato com os dinossauros brasileiros, outros que auxiliam na cura de fobias ou que treinam diversas atividades da medicina e alguns voltados ao público infantil, que trabalham a alimentação saudável e muitos outros.

As recomendações da UNICEF estão em inglês, para acessá-las clique aqui.

UNICEF publica recomendações para a indústria de jogos. Atento, mercado brasileiro investe em games de impacto social positivo para crianças

WarpZone – Quais são os lançamentos e projetos para este ano que podem ser compartilhados com a gente?

Mariana – Uma das reuniões mais legais que fiz no BIG Festival desse ano foi com a Studio 85, uma empresa de games de Fortaleza, com um portfólio bem bacana. Eles trabalham há dois anos com a criação de IPs para mobile e PC e o projeto mais atual é o Farm Break. É um game para mobile (Android) do gênero adventure-puzzle 3D para jogadores casuais.

As inspirações para o desenvolvimento do game foram o livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, e o filme “A Fuga das Galinhas”. No modo campanha, por exemplo, você ajuda um porco fofinho a escapar da fazenda e se tornar livre.

WarpZone – Considerações Finais e recado para os fãs de jogos indies: o que eles podem esperar para o ano de 2020? Deixe alguma notícia que vai deixar o coração deles aquecidos.

Mariana – Se você já tem uma empresa de games constituída e tem interesse em acessar o mercado internacional, busque mais informações sobre o nosso programa Brazil Games, uma parceria entre a Apex-Brasil e a Abragames.

Você vai encontrar informações de mercado, apoio à eventos internacionais e uma comunidade muito bacana de empresários dispostos à trocar dicas e lições aprendidas sobre o mercado de games. Acesse http://www.brazilgames.org/sobre.html