Apesar de ser considerado um dos maiores fracassos da história dos videogames, o N-Gage tem muita coisa boa em sua curta história. A tentativa da Nokia em investir no mundo dos portáteis com um misto de celular e videogame, apesar de não se provar com o tempo, chamou atenção de grandes estúdios.

Diferente de outros sistemas “fracassados”, o N-Gage tinha à disposição a presença de vários estúdios renomados, que agregaram valor em sua biblioteca. O portátil contou com versões de games como Tomb Raider, Tony Hawk Pro Skater 2, além de games de estúdios como Activision, SEGA e SNK.

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E, apesar de ser um console com poucos jogos, a sua biblioteca é bem variada. Pois até The King of Fighters o videogame-celular possui. Conhecido como The King of Fighters: Extreme, o game trouxe 21 personagens para jogos contra a máquina, ou com um amigo, através de bluetooth.

O game buscou oferecer o máximo possível da experiência dos arcades, ao mesmo tempo que lidava com as limitações do portátil. Começando pela tela do celular, vertical, que não é uma boa opção para um jogo de luta, que depende do cenário para proximidade dos lutadores, e também para as informações de tempo e energia dos lutadores.

Graficamente, o game teve alguns cortes, o que era comum na época, pois o Game Boy Advance também passava por questões semelhantes. O fundo não tinha animação, os sprites eram menores, e barras pretas tentaram minimizar os efeitos da tela vertical do dispositivo da Nokia.

Os modos são variados, com um modo de treino, outro de sobrevivência, o modo história e um versus, que, como já havia dito, é possível via bluetooth, anos antes disso se tornar comum na jogatina. O game, como manda a tradição, te permite escolher três lutadores, com um personagem de apoio ajudando no meio da luta.

O gameplay é o mesmo que se espera de um The King of Fighters, com a particularidade do controle do N-Gage, que mistura os botões de ação com as teclas do celular. Mas cada lutador, obviamente, tem seus movimentos especiais, que podem ter várias funções pois, ao contrário dos consoles de seu tempo, o N-Gage oferecia “doze botões” de ação, em suas teclas.

E em outra iniciativa a frente de seu tempo, ainda era possível enviar a sua pontuação para um ranking global, através da N-Gage Arena, a rede online do celular. Temos, assim, um legítimo The King of Fighters portátil, que começava a viver bons dias no mundo portátil, apesar dos problemas que a SNK vivia naqueles dias. Em um portátil que, apesar de ser lembrado como um fracasso, possuía sim boas ideias, com muitas delas inclusive sendo popularizadas posteriormente nos dispositivos móveis atuais.