Crazy Taxi foi lançado para arcades em 1999 e conquistou uma legião de fãs rapidamente. Sua proposta de misturar o gameplay clássico dos jogos de corrida da SEGA com uma cidade aberta no melhor estilo Driver, no qual o jogador vivia um taxista que precisava levar seus passageiros da forma mais insana possível ao destino e com músicas de bandas como Offspring ou Bad Religion foi a fórmula do sucesso que durou por anos.
O game ganharia versões primeiro para o Dreamcast, e depois para todos os outros sistemas de 128-bits, logo quando a SEGA parou de produzir seus consoles. Mas, além de versões para PlayStation 2, GameCube e Xbox, que eram muito semelhantes à experiência original dos arcades, uma outra versão chamou atenção: a de Game Boy Advance.
Em tempos muito diferentes aos atuais, onde o clássico da SEGA roda tranquilamente em smartphones, e ainda por cima de graça através do SEGA Forever, os portáteis daqueles tempos não tinham tantas capacidades pra processar um jogo assim. Mesmo o Game Boy Advance, a sensação do momento, recebia jogos que faziam dele uma espécie de Super Nintendo “turbinado”, e nada mais do que isso.
Mesmo assim, a SEGA licenciou seu game para um port para o console da Nintendo, tentando extrair muito do pequeno console. Com o nome de Crazy Taxi: Catch a Ride, o videogame foi desenvolvido pela Graphic State e publicado pela THQ. E a ideia era ambiciosa, pois o game traz duas cidades, nove minigames, os quatro taxistas originais e uma ideia de se jogar de forma portátil o clássico dos arcades e consoles.
Sendo um dos poucos jogos em 3D que o Game Boy Advance rodou em sua vida útil, o objetivo deste Crazy Taxi é igual aos outros jogos: ganhar o máximo de dinheiro possível levando o máximo de passageiros possível desviando de obstáculos e encarando o transito caótico da cidade. Entregar os passageiros de forma rápida rende mais dinheiro, assim como insanidades como saltos, desvios e derrapagens.
Axel, B.D. Joe, Gena e Gus, os quatro taxistas originais, estão presentes, com seus táxis. E tudo rodava em um ambiente tridimensional, que foi batizado pela Graphic State de “Rush”. A única ausência do jogo está na trilha sonora, uma vez que as licenças das músicas não contemplavam a versão de GBA. Mesmo assim, a trilha sonora lembra bastante as músicas tocadas no game.
Lançado na primeira metade de 2003, o game recebeu uma recepção razoável, com algumas críticas referentes a dificuldades que o game teria ao rodar no GBA. Uma crítica muito comum nos reviews da época falavam de algumas quedas de quadros, enquanto outras criticavam o fato dos desenvolvedores tentarem replicar a experiência original, ao invés de aproveitar os recursos do portátil para trazer algo novo.
Mas hoje, quase 20 anos após o seu lançamento, o que trouxe um salto tecnológico impressionante e uma nova forma de se observar as coisas, é possível ver sim como o trabalho no Crazy Taxi de GBA foi competente. Talvez com a benção da tela iluminada, disponível na versão SP do console, em modificações ou em consoles retrô atuais, é possível ver ainda mais da beleza do game, e da engine competente que roda o jogo, com toda a sua insanidade.
É uma experiência casual o suficiente para jogatinas curtas, e que conseguem divertir ainda hoje, mesmo com o fato de que o game original está disponível de graça para qualquer smartphone. Além de ser uma boa prova de como o Game Boy Advance teria sim capacidade de rodar diversos games em 3D, como foi mostrado recentemente com um port de fãs do primeiro Tomb Raider.