Como já falamos algumas vezes por aqui, com games como Pokémon Stadium ou The King of Fighters 2000, o Super Nintendo, em seus dias finais, recebeu várias versões piratas de games que jamais chegariam ao console por vias oficiais. O 16-bits da Nintendo já tinha o Nintendo 64, console mais atual, disponível nas lojas. Enquanto PlayStation e Saturn também recebiam as novidades, e representavam o que existia de mais atual no mercado.
Entre as novidades, uma em especial chamava atenção. Se hoje poucos lembram do jogo, nos anos 90 a série Street Fighter EX despertava a curiosidade. Como sabemos, pelo menos até a chegada de SF IV, a série de luta da Capcom sempre foi referência em jogos 2D, mesmo durante a transição para os games tridimensionais, o que se inclui os games de luta.
Assim, a Arika, em parceria com a Capcom, desenvolveu a série EX, que nada mais era do que a introdução do mundo de Street Fighter nos games em 3D. Era uma forma de buscar espaço em um terreno que foi explorado e conquistado por franquias como Tekken, Soul Calibur ou Virtua Fighter, entre outros. O game não era considerado canônico, e tem um ar bem experimental, talvez para coletar informações úteis para um futuro próximo.
O game chegou aos arcades e depois ao PlayStation. Mas não teria condições de chegar ao Super Nintendo, pelas limitações técnicas. Os poucos jogos poligonais do console, como Star Fox, apresentavam o máximo que o console suportaria, e estava muito longe do apresentado pela Arika.
Restava, então, contar com o mundo cinza dos jogos piratas, que colocava nas bancas de camelô um cartucho que chamava atenção. Na sua etiqueta, estava lá: Street Fighter EX + Alpha, um game que, como todos deste gênero, podia enganar os mais desavisados, fazendo-os acreditar que se tratava mesmo de um port do game de luta.
Mas, como sempre, ao ligar o cartucho no console, a expectativa se tornava decepção. Começando pelo mais óbivio: o game não era tridimensional, e sim um jogo em 2D, com sprites “emprestados” de Street Fighter Alpha. São os mesmos sprites, mas que passaram por “pequenas adaptações” para dar um ar de que eram personagens desenhados exclusivamente para este game.
A tela de personagens, para quem jogasse muito próximo da TV, era um “perigo”, por ser totalmente psicodélica, cheia de cores fortes e berrantes. E escolhendo o seu personagem, era a hora da luta. Mas uma luta diferente, afinal, você lutava com os controles lentos, com os sprites mal feitos, com a trilha tosca e os inúmeros bugs. Se você duvida, veja abaixo o game em funcionamento:
Atualmente, pelo seu valor “histórico” e nostálgico, há quem goste de jogá-lo e até usam a ROM para criar um cartucho reprô, deixando-o como se fosse um game legítimo, lançado para o Super Nintendo em algum momento dos anos 90. E, em uma realidade bem diferente da atual, mesmo com todas as suas limitações, cumpriu seu “objetivo” de levar a curiosa série da Capcom para os 16-bits. E enganar muito desavisado no processo.