Que atire a primeira pedra quem nunca mentiu pra pai e mãe falando que ia em um lugar e que na verdade estava indo para um fliperama gastar aquelas moedas que haviam sobrado.

Quem foi criança ou adolescente nos anos 80 e 90 teve muita coisa em comum. Se fosse nos anos 80, os fliperamas eram cheios de pinball e daquelas máquinas arcade no estilo Pac-man ou Space Invaders. Se fosse nos anos 90, certamente as máquinas eram jogos da Capcom e SNK.

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FINAL DOS ANOS 80

Eu nasci em 1983, então pude desfrutar dos arcades de 1989 em diante. Lembro de jogar muito Double Dragon com um primo no último ano de década de 80. Era um mundo totalmente novo pra mim, eu estava acostumado a jogar Atari em casa, e ficar de pé na frente de uma máquina pra jogar um lindo game e muito melhor do que qualquer coisa que eu já tinha visto foi uma experiência fantástica.

Double Dragon, lançado nos arcades em 1987

Nessa época a gente chamava aqui em São Paulo de casa de máquinas, alguns chamavam de fliperama, mas esses locais eram conhecidos simplesmente como arcades. Depois que cresci, descobri que em outros lugares do Brasil a casa de máquinas era conhecida por outros nomes como Playtime, Taito, Taitorama e assim por diante. Eu amo essa nossa pluralidade.

A TELA FICOU ESCURA

Uma das coisas que me recordo com mais carinho dessa época é de estar indo para a escola, tinha acabado de sair de casa e já havia virado na esquina da avenida…Pra minha surpresa, o “Bar do Baixinho” estava mais cheio do que o normal e como eu passava bem em frente olhei de relance pra ver o que estava acontecendo.

Lá tava cheio de moleques e não de adultos bebendo, logo pensei “O que será que aconteceu ali?”, entrei no bar e vi que o Baixinho havia colocado dois arcades pra molecada jogar, pirei com aquilo e dai entendi o motivo pelo qual o lugar que vivia vazia estava tão cheio.

Mortal Kombat, o jogo que a molecada ficou vidrada

As máquinas eram Mortal Kombat e Street Fighter II, poderia haver combinação melhor pro ano de 1993? A Street Fighter II eu já tinha visto e jogado em outra oportunidade e local, mas Mortal Kombat era a primeira vez que eu estava vendo, fiquei vidrado.

Como num passe de mágica o round terminou, a tela ficou escura e o primeiro jogador soltou um golpe que arrancou o coração do oponente. Como aquilo era possível? Eu pensei comigo mesmo. Fiquei estasiado, era legal demais, mais violento do que qualquer coisa que eu já havia visto.

Fatality de Kano, em Mortal Kombat I

FECHANDO O PORTÃO

Os moleques ali presentes vibravam a cada golpe mortal que se soltava ao final do segundo round, isso se chamava Fatality e todo mundo comentava que um era mais violento do que o outro. Era tão emocionante que você queria ver todos, sem parar, ficava ali torcendo pro cara não perder a ficha e continuar jogando.

A jogatina foi longe, mas não foi naquele dia que eu puder ver o primeiro final em Mortal Kombat pra arcade. Acabei que nem percebi, mas fiquei mais tempo do que devia dentro daquele bar e já estava atrasado pra escola, sai correndo pra não fechar o portão e eu ficar pro lado de fora, cheguei bem em cima da hora, mas deu certo.

Street Fighter 2, a verdadeira revolução nos jogos de luta

No dia seguinte, eu saí mais cedo pra poder ver mais uma partida naquela máquina nova antes de ir pra escola. Porém não foi a minha vez de jogar ainda, não tinha dinheiro aquela semana, mas posso garantir que a emoção era tão grande que parecia que eu também estava jogando ali.

Só fui jogar Mortal Kombat alguns dias depois, quando sobrou umas moedas do pai que acabou me dando. A ficha acabou muito rápido, mas pelo menos pude desfrutar de alguns rounds com a Sonya, adoro escolher personagem feminino nos jogos de luta.

DICA DE VÍDEO

Se você é dessa época também e curte relembrar os bons (e às vezes não tão bons) momentos dos fliperamas dos anos 90, eu fiz um vídeo sobre esse assunto lá no canal da WarpZone. Então, fica aqui o meu convite pra você curtir as 27 COISAS que só quem jogou FLIPERAMA NOS ANOS 90 se lembra, veja: