Muito antes dos games de terror adentrarem as casas (e os sonhos) dos gamers de todo o mundo, já existiram jogos que buscavam, mesmo com as limitações dos videogames antigos, trazer a ambientação dos clássicos do terror para serem jogados. É o caso de Halloween, game que iremos conhecer melhor, agora.

Lançado em 1983, Halloween é baseado no filme de mesmo nome lançado em 1978. Aqui no Brasil, o título foi substituído pelo de outro filme, Sexta-feira 13, nos cartuchos Dactar e outros piratinhas da época. É difícil dizer se essa mudança foi por uma confusão (já que ambos os filmes tratam de um serial killer perseguindo pessoas) ou se pela oportunidade do filme “Sexta-feira 13” estar mais em evidência na época.

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O enredo do jogo segue a mesma ideia do filme no qual, na noite de Halloween, o assassino Michael Myers persegue a jovem Laurie que está trabalhando como babá de um casal de crianças (Tommy e Lindsay). Laurie então tem que fazer o possível para proteger as crianças e ainda manter-se viva. Apesar de seguir a história do filme, o manual original do jogo não cita os nomes dos personagens, chamando-os apenas como “assassino”, “babá” e “crianças”. Já no manual distribuído pela Dactar, o assassino é chamado de degolador.

Conhecendo Halloween

O jogo se passa em um casarão de dois andares em que cada tela representa um cômodo de cada andar. Detalhe para o indicador de vidas (na parte de cima da tela) representadas como as lanternas de abóbora características da festa do Dia das Bruxas.

Como se não bastasse a sensação de urgência e suspense evidenciada pelos apagões nos quartos, o clima de terror fica completo com a música sinistra que toca quando o assassino entra no mesmo cômodo em que a babá.

O objetivo do jogo é ajudar a babá a encontrar e levar as crianças até o quarto de segurança, onde o assassino não consegue entrar (o que dá um tempo de descanso para o jogador). Mas essa não é uma tarefa fácil, o assassino a persegue implacavelmente e se torna cada vez mais rápido a cada criança resgatada.

No início é possível desviar do assassino passando por baixo dele, mas com a progressão do jogo e o consequente aumento na velocidade a cada criança salva, isso se torna mais difícil até o ponto em que se der de frente com o assassino é melhor correr para o lado contrário… ou arriscar ser pega e protagonizar a cena altamente macabra de correr sem cabeça pelo cômodo enquanto espirra sangue para todo lado!

Para se defender há uma faca em alguns cômodos da casa, porém é preciso ter atenção pois no momento do ataque ele precisa estar com a faca erguida. Essa faca jamais vai aparecer se você estiver levando uma das crianças ao quarto de segurança.

Sempre que salva uma criança ou ataca o assassino com a faca, o jogador ganha pontos que são exibidos na parte de baixo da tela.

Poucas vendas

Apesar de ser um jogo bem feito, suas vendas não foram boas devido à rejeição do título por parte dos maiores comerciantes da época. Afinal de contas um jogo de terror com cenas que poderiam ser consideradas como grotescas não era considerado adequado ao público infantil.

Algumas curiosidades: a Wizard Video Games, produtora do jogo, era originalmente uma distribuidora de filmes em VHS, chamada apenas Wizard Video, e acabou indo à falência por causa da baixa vendagem dos jogos Halloween e The Texas Chainsaw Massacre (“O Massacre da Serra Elétrica”, no Brasil). Já no fim dos seus esforços acabou liquidando uma parte do estoque de cartuchos até mesmo sem a label, somente com uma etiqueta branca (dessas que se usa em correspondências) com o nome do jogo escrito à mão (inclusive com erros ortográficos). Devido à vendagem baixa não preciso nem dizer que hoje um desses cartuchos da última leva é considerado muito raro, né?!

Vale a pena curtir o Halloween do Atari?

Apesar de não estar entre os clássicos para Atari 2600, o jogo não decepciona e garante uma boa diversão.