Sempre fui um fã assíduo de jogos de RPG e luta. Nos anos 90, esses dois estilos, ao lado dos games de plataforma, eram os mais famosos e debatidos pelos jogadores. Era uma época na qual a maioria das informações eram adquiridas através de amigos, que viajavam para o exterior, ou por revistas de videogame. O jogo que abordarei hoje, descobri por sorte. Literalmente.
O cenário é o final dos anos 90. Fiquei apaixonado pelo Playstation depois de vê-lo, em 1996, no aniversário de um amigo. O primo dele, muito mais velho que nós, trabalhava com comércio exterior e conseguiu importar um console direto dos Estados Unidos. Os jogos que presenciei naquele dia foram Resident Evil 2 e Megaman X4. Foi amor à primeira vista pelo console da Sony, casamento esse que seria consolidado em 98 quando meu pai me presenteou com um Playstation.
O estabelecimento em questão vendia diversos tipos de eletrônicos, não só videogames, e comercializava os Cds de Playstation a um preço bem honesto. A dona era uma mulher, de uns 27 anos. Ela entendia muito de jogos e, por eu frequentar muito a loja, acabei pegando uma certa amizade com ela no que tange a conversar sobre jogatinas.
Um belo dia, fui comprar um game, porém não sabia exatamente qual adquirir. Ela, vendo o meu estado de dúvida, comentou comigo a respeito de um jogo de luta, segundo ela, bem legal que havia chegado. A caixa continha dois CDs, algo não muito comum para a época, ainda mais se tratando de um jogo de luta. Descobri então que um cd trazia a conversão direta dos fliperamas e outro a versão console, com diversos extras como mini games esportivos dos personagens. Como ela havia me dado várias outras sugestões certeiras, resolvi abraçar o conselho e levei o jogo, em japonês, para casa.
O game em questão era Rival Schools: United by Fate. O game foi produzido pela Capcom em 97, e convertido para o Playstation em 98. Rival Schools trazia uma trama sinistra, na qual alunos de diversos colégios japoneses estavam sumindo e, quando encontrados, pareciam ter sofrido lavagem cerebral. Os combates funcionavam no esquema de duplas: durante a luta o parceiro (a) escolhido (a) auxiliava em combos e com alguma habilidade especial (recuperar barra de especial, vida, etc.). Ao final do primeiro round, era possível trocar de personagem ou manter o que estava à frente da dupla.
A jogabilidade, ao contrário dos diversos jogos da produtora japonesa, era em quatro botões: dois para socos e os outros para chutes. Cada lutador era afiliado a uma determinada escola, algo que influenciava diretamente no modo história. Caso o jogador optasse por uma dupla composta por dois lutadores do mesmo colégio, era possível ver o enredo original feito para aquela instituição.
Os gráficos do jogo são em 3D, e funcionam muito bem para a proposta da Capcom. Os lutadores têm tudo a ver com o estilo da escola que representam. Por exemplo, os da Gorin High School, são esportistas e lutam usando bolas e tacos de baseball. Já os da Gedo, repleta de gangues, tem lutadores que vão desde um punk com canivetes a uma motoqueira.
Os personagens principais são o trio da Taiyo High School, formado por Batsu Ichimonji, Hinata Wakaba e Kyosuke Kagami. Batsu e Kyosuke, inclusive, apareceram em outros jogos como Capcom x Tatsunoko (Batsu) e Capcom x SNK 2 (Kyosuke). Infelizmente, Rival Schools: United by Fate só teve uma continuação. Lançado em 2000 apenas para o Dreamcast, Project Justice refinou ainda mais a jogabilidade do game. Agora, as batalhas eram disputadas em trios, não mais em duplas, adicionando um estilo The King of Fighters ao jogo.
Torço muito para que a Capcom olhe, com mais carinho, para Rival Schools e lance, pelo menos, um remake do primeiro jogo. Defino Rival Schools como uma trama cativante, com ótima jogabilidade e personagens extremamente carismáticos.
Para a coluna de maio falarei um pouco sobre como fui atingido pela “febre” das platinas e a como adquiri a minha primeira. Até lá!