Quando foi lançado em 2019, aposto que a primeira impressão que Katana Zero causou à maioria foi: “…mais um jogo de plataforma 2D”. Ou talvez um: “ah lá, outro Metroidvania”. Não deve ter sido nada difícil mudar essa primeira impressão. É um jogo ímpar, do início ao fim. Início mesmo.

Lançado pela Askiisoft e publicado pela Devolver Digital, o jogo saiu para Microsoft Windows, macOS, Nintendo Switch e Xbox One, eu joguei a versão do console da Microsoft, e posso dizer que se trata de um jogo singular.

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O CENÁRIO

O jogador assume o papel de “O Dragão”, um Samurai solitário que sofre de transtorno pós-traumático oriundo de um incidente do passado que lhe causou perda de memória e lhe fez refém de um remédio controlado.

A história se passa num mundo pós-guerra, contudo é ambientado nos anos 80 – o que não é diretamente dito, mas está explicito pelo neon, discotecas e até um Walkman que o Samurai carrega consigo durante as missões.

Muito neon e caos.

A TRAMA

O incidente que causou as mazelas do Samurai, também lhe deu uma vantagem. Ele desenvolveu uma habilidade analítica única, o que lhe possibilita arquitetar todos os seus movimentos antes de começar a executa-los, e tudo sai milimétricamente como planejado. É ai que entra a atividade “laboral” do nosso herói anti-herói.  O Dragão vive de cometer assassinatos, todos eles designados pelo seu terapeuta. As missões têm que ser executadas à risca, como mandam os contratos, os contratantes não toleram falhas nem querem ser questionados, apenas cumpra.

Apesar da meticulosidade do terapeuta, com o passar da história é possível fazer questionamentos acerca dos alvos, contudo quase nunca serão respondidos de forma amistosa ou com clareza.

Ao término de cada missão, o Dragão senta-se com o seu psiquiatra para receber o pagamento pela seu trabalho e uma dose de Chronos, um tipo de droga que alterna sua percepção temporal. Além do seu pagamento, o espadachim deve se abrir com o profissional sobre pesadelos recorrentes e pessoas que conheceu, isso vai trazendo pouco à pouco a memória dele.

O Dragão em um de seus encontros com o terapeuta.

A JOGABILIDADE

Apesar de ter comandos simples, Katana Zero tem animações muito bem feitas, o que torna a jogabilidade muito prazerosa. Os combos e combinações de ataques é um dos principais fatores que nos prende durante muito tempo tentando superar cada fase.

As missões são dividias em ambientes que você deve atravessar derrotando alguns inimigos. Ou enfrentando diretamente, ou superando eles no estilo “Stealth”. Além de inimigos humanos, também irá encontrar máquinas, computadores e metralhadoras automáticas para desviar das balas. Os movimentos devem ser bem executados, um passo em falso e já era.

ESCOLHA RÁPIDO

Uma outra característica marcante e única em Katana Zero, é um mini cronômetro sempre que temos escolhas. Apesar de ter os inimigos sempre nas mesmas posições e as fases serem sempre as mesas, há possiblidade de escolher entre itens, caminhos e respostas em diálogos. Essas escolhas vão determinar muita coisa durante o jogo, e tem que ser feitas em muito pouco tempo, a medida que o cronômetro corre as possibilidades mudam e, se você hesitar, pode perder oportunidade de resposta que lhe traga algum benefício.

QUAL LEGADO UM 2D AINDA PODE DEIXAR?

Katana Zero é um jogo revolucionário. Não que as mecânicas presentes no título se tornem regra daqui pra frente. O legado que fica são as possibilidades de um jogo em duas dimensões, aparentemente simples, se tornar algo tão lindo e caprichado que prenda de old gamers a moçada next gen!

Uma obra prima com aquela pitada noventista que tanto amamos.