Década de 1980. Grandes transformações no mundo. Cultura e Tecnologia deram passos largos para transformar a vida das pessoas para sempre.

Os primeiros computadores pessoais que chegavam as casas das pessoas vêm do final da década de 1970 e traziam máquinas prontas para uso, ou seja, não era necessário entender de eletrônica para montar seu computador.

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Só a possibilidade de não precisar usar mais as máquinas de escrever (mecânicas ou elétricas) para redigir matérias jornalísticas, trabalhos escolares, teses de mestrado/doutorado ou livros, já era algo impactante para época. A capacidade de poder corrigir texto já digitado antes de imprimir era algo surreal.

Os softwares de texto, planilhas eletrônicas e banco de dados fornecidos na época também impulsionaram a venda de microcomputadores com processadores 8-bit, e mais a frente, os 16-bit.

Já no início da era de computadores com processadores 16-bit aprendi o DBase, um software de banco de dados. Programei e montei vários bancos de dados, inclusive para o Colégio que estudava. Fiz um banco de dados para cadastro e controle dos alunos que cursavam aulas de informática na instituição. Já estávamos na plataforma IBM 16-bit, mas isso é uma outra história.

O ambiente nativo e comum dos microcomputadores 8-bit foi o famoso BASIC, uma linguagem de programação que iniciou a carreira de muitos profissionais de sucesso hoje em dia da área de TI. Pelo BASIC se controlava e acessava o hardware do computador, desenvolvia programas e jogos. Ah! os jogos!

Os microcomputadores eram máquinas, que para serem utilizadas, era necessário programar. Não era tudo tão pronto e fácil de usar. E isso incluía alguns jogos. Muitas revistas da época traziam jogos escritos para que o usuário digitasse o programa no computador e em seguida pudesse rodar aquele programa.

Foto (Divulgação)

É claro que grande parte da indústria de softwares veio daí. Trazer programas e jogos prontos para o usuário simplesmente carregar no computador e aproveitar. Com o tempo as coisas foram evoluindo e os sistemas operacionais foram se transformando e ficando mais amigáveis ao usuário.

Produtoras famosas hoje em dia, como a própria Konami, se popularizou nesse momento, trazendo títulos inesquecíveis principalmente para os usuários do MSX. E grande parte dos usuários desses microcomputadores viraram jogadores.

Sistemas operacionais, programas e jogos eram fornecidos em disquetes, fitas cassetes e cartuchos. Bastava carregar no sistema ou simplesmente deixá-los no drive de mídia do computador que carregava automaticamente. Pronto. A máquina se tornava mais popular e acessível.

Nessa leva de “computadores 8-bit” tínhamos os Spectruns, TKs, CPs e os MSX, além de outros.

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VAMOS FOCAR AQUI NOS MSX.

A BIOS e o DOS do MSX foram desenvolvidos pela própria Microsoft, por isso a semelhança com os existentes para IBM PC. Enquanto a MS se preocupava com o software, outras empresas no Japão se preocuparam com o hardware e arquitetura através de um consórcio envolvendo grandes empresas como Sony, Panasonic, Sanyo, Toshiba e outras.

O MSX foi o primeiro computador a ter CD-ROM, lá em 1986, fabricado pela Philips. Antes mesmo dos PCs de plataforma IBM.

No Brasil tivemos a produção e popularização do MSX pela marca Gradiente com seu “Expert”, e a Sharp com o “Hotbit”. Ambas as empresas investiram consideravelmente em marketing e seus micros ficaram famosos no cenário nacional num momento de Lei de Reserva de Mercado. Neste período, se incentivava a produção de equipamentos eletrônicos e informática por empresas nacionais, já que era proibido a importação desses itens.

Era uma época de feiras de diversas categorias e ambas as marcas apresentaram suas máquinas na quinta Feira Internacional de Informática de São Paulo, em 1985.

Foi aquela época mágica da troca de fitas e disquetes com os colegas. De ir à casa de um ou outro para jogar ou fazer trabalho escolar. Os equipamentos não eram tão acessíveis no quesito preço. Infelizmente, a situação do país não era das melhores e poucas pessoas podiam adquirir um microcomputador.

Fui muito na casa de um amigo para jogar MSX. Passávamos a tarde jogando títulos como Ye Ar Kung Fu, Penguim Adventure, Gradius e Knightmare no Gradiente Expert. Aquele barulho da fita cassete no gravador, carregando um jogo, é de um saudosismo ímpar. Quando dava erro também.

E quando você digitava um joguinho ou programa que vinham em uma revista e perto do fim, na ansiedade para ver o resultado, caia a energia elétrica do bairro?

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Vale lembrar da rádio USP, São Paulo, que em 1986 transmitia programas de computador para os interessados. O programa ia ao ar aos domingos e além de notícias computacionais tinha uma parte que trazia algo novo aos usuários de MSX, ZX Spectrum, Apple ou outro microcomputador. Era só gravar em uma fita K7 a transmissão e rodar em seu microcomputador.

Foi um momento de explosão de revistas de computadores e clubes de informática. E assim foi em vários países.

Quem teve a oportunidade de ter contato com essas máquinas na época dificilmente se esquecerá dessa realidade única, na qual a diversão se encontrava em jogos como Knightmare, Nemesis, Metal Gear, Castlevania, Goonies e tantos outros que nos fazia ficar horas na frente do micro. Com certeza essa boa cicatriz será carregada para sempre.

Em seguida tivemos as versões mais potentes do MSX como o MSX 2, 2+ e TurboR. Com hardwares mais fortes e possibilidades de upgrades. Nesse mesmo tempo o videogame de processador 8-bit da Nintendo despontava como o videogame mais querido do mercado e os PCs de plataforma IBM 16-bit também ganhavam mais espaço.

O cenário atual para o MSX é vasto e tem muita gente desenvolvendo de forma independente. Tem até Windows para MSX, e não! Não é da Microsoft. Jogos novos pipocam a cada ano, além de programas e hardwares. Cartuchos Mapper MegaRam, que aumentam a memória e armazenam softwares em um cartão SD, enchem o computador com jogos e programas, proporcionando horas de diversão.

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O MSX é vivo. Um “Highlander” da tecnologia. Para quem não conhece, vale a pena se embrenhar nesse mundo.