Se teve um jogo que mudou o ano de 1993 no Brasil esse foi Mortal Kombat, nos fliperamas, ali da metade do ano pra frente, MK era sucesso absoluto. Eu lembro de ver as casas de máquinas cheias, a molecada rodeando os fliperamas pra ver quem estava jogando.

Naquela época não importava se você tinha dinheiro ou não, você ir pro fliperama, jogar era um detalhe, mesmo sem grana a gente passava horas vendo os outros jogarem. E olha que nem estou contando os que ficavam tentando pedir round pros outros.

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O sucesso do game foi tão grande que era difícil não se falar sobre MK em qualquer rodinha de moleques que se formava na escola durante o recreio, mesmo porque se você tentasse puxar papo sobre o assunto durante a aula era puxão de orelha na certa.

Quem tinha revista de videogame comentava sobre os golpes, quem não tinha falava o que tinha visto no boteco, na locadora ou em qualquer lugar que tivesse um fliper, na época era só piscar pra ver um fliper na esquina.

Eu, particularmente, joguei muito Mortal Kombat, mas ele nunca foi meu forte nas jogatinas, porém eu sempre gostei da violência no jogo (e quem não gostava?). Quando a gente comentava sobre o game não se falava em magia ou giratória, era sobre arrancar coração, explodir cabeça ou jogar o oponente nos espinhos, era ótimo ver a cara dos moleques quando você comentava um novo fatality que tinha visto.

Mesmo assim o que a gente queria mesmo era jogar Mortal Kombat em casa, ao menos pra quem já tinha um Super Nintendo ou Mega Drive. Jogar no fliperama era demais, mas jogar Mortal Kombat em casa era o desejo da molecada, até eu, que nem tinha um videogame da “nova” geração não via a hora das versões caseiras serem lançadas.

Me lembro que nas férias de janeiro em 1994 as locadoras estavam abarrotadas de Mortal Kombat 1 para Super Nintendo e Mega Drive. Era fita pra alugar levando pra casa ou jogando por hora, na própria locadora mesmo. A lembrança é muito forte daquele monte de gente sentada na frente das TVs na locadora com revistas nas mãos olhando os golpes e fatalities.

No primeiro semestre do ano eu jogava só na locadora mesmo, mas aí ganhei meu SNES ali perto do meio do ano e a história mudou. Alugar Mortal Kombat era de lei, você até podia levar algum outro jogo também, mas sempre levava o MK junto.

Lembro da primeira vez que aluguei Mortal Kombat pro meu SNES, levei pra casa e fui curtir a jogatina. Gostei bastante? Claro, mas pude constatar o que a molecada falava, e era tudo verdade, MK de Super Nintendo não tinha sangue e os Fatalities não eram iguais aos do fliperama. QUE DROGA! TA PENSANDO O QUÊ, NINTENDO?

Se bem que eu já havia sido avisado pelas revistas de videogame na época, elas já tinham cantado a bola no final de 1993.A Ação Games me avisou, ela falava bem do MK para Mega Drive, citavam o sangue e a violência e deixava bem claro que isso tudo não estava presente no Super Nintendo.

Joguei e curti assim mesmo, estava curtindo em casa ué, sem precisar pagar ficha, mas tive que aguentar bastante zuação da molecada na escola, não tinha jeito.

Porém, as férias de janeiro em 1995 foram diferentes, as locadoras estavam cheias de Mortal Kombat 2 e a versão de SNES vinha pra dar o troco. Mas ai é outra história, que eu conto algum dia por aqui.

Se você chegou até aqui e curtiu o texto quero indicar um vídeo que gravei onde conto 19 coisas que só quem teve um Super Nintendo vai lembrar, essa história do MK sem sangue faz parte, dá uma conferida: