Quem joga videogame há algum tempo, provavelmente conhece, mesmo que pouco, a série River City. Com o primeiro game lançado em 1986, no Japão, ajudou a disseminar o gênero beat ’em up, e trouxe diversos outros games com o passar dos anos. No momento atual, além de novos games, jogos antigos da franquia estão sendo relançados, de forma a apresentar melhor sua proposta e personagens para uma nova geração.

Assim, River City Girls Zero é, nada mais, nada menos, do que um lançamento (tardio) de um jogo lançado para o Super Famicom japonês há quase 30 anos atrás. Marcou a primeira aparição das garotas na série, cujo game você conhece com a gente agora.

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Antes de começar este review/análise devo citar aqui não conhecia a franquia River City e que a apresentação quando se inicia o game é espetacular, já demonstrando que este game de beat’em up possui pedigree, mesmo assim, como será relatado nas linhas a seguir ele é apenas um relançamento com uma capa muito bonita, porém com o mesmo conteúdo datado do passado.

E lá vamos nós

Voltando no tempo

Originalmente lançado no Japão em 1994 para o nosso queridíssimo Super Nintendo, o game Shin Nekketsu Kōha: Kunio-tachi no Banka (4º game da franquia Kunio-kun para o console) agora passa por um relançamento, sendo chamado de River City Girls Zero.

Vamos manter aqui o ano de 1994 e o Super Nintendo como referência, e se você curte games no estilo beat’em up, obviamente conhece e jogou Final Fight, TMNT: Turtles In Time, The Ninja Warriors e Battletoads in Battlemaniacs. Cada um com seu estilo, seu traço, suas mecânicas de gameplay e sua dificuldade (Battletoads que o diga), mas quer queira quer não, todos esses títulos citados acima são jogos muito divertidos até hoje.

O problema aqui em River City Girls Zero é que já no ano de 1994, o game já estava datado, e assim como Double Dragon, já estava bem ultrapassado em consideração ao outros clássicos que mencionei, e que são queridos até hoje.

Vamos ao jogo

Conforme descrito no início desta análise, a apresentação do game é espetacular, iniciando com um anime onde Kunio e Riki são presos, tudo isso sob um bom j-rock de fundo.

Uma apresentação muito boa, e divertida

Ao iniciar o game, uma intro no formato de quadrinhos apresentam as heroínas, elas encontram um antigo cartucho e conversam sob a possibilidade do mesmo ser relançado. Aqui tenho que bater palmas pois a ideia de uma intro assim é fantástica, pois mostra o cuidado, a originalidade e o pensar fora da caixa dos desenvolvedores, e antes de entrarmos na porradaria é possível escolher entre vários idiomas disponíveis.

Porém a mágica acaba aí, pois quando o game se inicia, ele é exatamente o game do Super Nintendo de 1994.

Gameplay

Bom, após a cutscene inicial, o game nos leva a uma prisão, onde começa uma enorme sequência de pequenas conversas em algumas áreas diferentes. Nada mais isso é do que o tutorial do game, não sendo possível cortar as conversas (em nenhum momento do game), o máximo que se pode fazer é acelerar um pouco a velocidade da mesma apertando qualquer botão durante a sua aparição.

Só depois desta tela é que o game realmente se inicia

Eu particularmente não pulo cutscenes e nem deixo de ler os textos que são apresentados nos jogos, mas tenho que admitir aqui que, devido a grande quantidade de textos, chega a ser um pouco chato. Óbvio que estes textos são para nos colocar a par da situação dos personagens e entender melhor a história e isso pelo menos para mim é um grande ponto positivo, pois como bem se sabe, normalmente um game beat’em up significa ir para a direita e sentar o braço em qualquer coisa que se mova.

River City Girls Zero é bem focado na narrativa da história, porém quando nos é permitido socar os inimigos, a experiência não possui a mesma qualidade, nem das apresentações magníficas e nem do lore do game.

O combate não é fácil e os golpes não saem do jeito que você previu na grande maioria das vezes. Temos algumas variações de golpes que são liberados durante o desenrolar da história, mas mesmo assim em várias vezes me vi resumindo a luta em: voadora, dois a três golpes com o inimigo no chão, se der tempo, voadora, golpes no chão. Esse ciclo se segue principalmente nos chefes de fase, pois além deles tirarem muito life quando nos acertam, não temos um continue durante o gameplay.

Voadora, golpe no chão, voadora, golpe no chão, voadora, golpe no chão

Você inicia o game com Kunio e Riki, e se o seu personagem morrer, mesmo que o outro esteja com o life em 100%, a área recomeça. Durante a evolução da história as personagens femininas se juntam ao grupo e você agora terá quatro personagens para a luta. Considere cada personagem como uma barra de life a mais que você tem na fase, porém essa barra não pode chegar a zero, sendo assim necessário revezar entre os quatro se assim necessário for.

Infelizmente jogar com as protagonistas femininas aqui é pior que os masculinos, não sei explicar bem, mas parece que o cálculo de colisão dos frames delas não é tão longo quando o deles, sendo assim necessário estar mais próximos dos inimigos, o que é um enorme risco, mesmo no nível normal de dificuldade.

Outra coisa que incomoda um são as opções de visualização do game, ele mesmo em tela cheia, ocupa apenas um pedaço da área útil da tela, ele meio que cria uma janela onde está o jogo dentro do próprio jogo.

Pilote com cautela, senão é tudo de novo

Para fechar, ainda temos umas fases de transição de uma área para a outra onde temos que usar uma moto. São três fases bonitas ao melhor estilo Road Rash… o problema aqui é que se você encostar na parede, você cai e tem que começar toda a fase de novo, forçando você a ir devagar e ainda enfrentar uns capangas que tentam te derrubar da moto. E se você cair da moto…

Alguns Problemas

Não sei explicar o porquê, mas em duas vezes quando fui dar continuidade no game o meu save não estava lá, e até onde eu entendi o game não salva automaticamente, você precisa criar o save. Também em alguns momentos o som do game simplesmente desaparecia, talvez seja necessário um update para corrigir esse problema.

Conclusão

River City Girls Zero tem seus méritos:

  • Apresentação espetacular
  • Game de porradaria focado na narrativa (bem fora da curva dos demais)
  • A história é interessante dentro do que o game se propõe

Mas, infelizmente, a experiência no gameplay, a lentidão da parte narrativa e o não polimento do game minam os seus pontos positivos.

É claro que o game tem seu valor, principalmente o nostálgico, mas é difícil recomendar ele com tantos problemas aparentes.

O game pode ser terminado em torno de 3 a 4 horas no modo normal e conseguir todas as conquistas/troféus em uma única jogada. Tem apenas uma conquista/troféu que você pode perder caso não faça uma determinada ação, mas as ações aqui são tão orgânicas que será muito difícil você não fazer.

Se você curte o universo de Kunio-kun, pegue o jogo, encare o desafio de terminar e seja feliz, agora se você está curioso ou não conhece bem a série é melhor começar com os jogos mais novos, pois parecem ser mais legais e divertidos de jogar.

Já imaginou se fosse exatamente assim

River City Girls Zero já está disponível para Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e no PC via Steam.

E você? Está preparado para este desafio?

Nos vemos na próxima…